Friday, May 31, 2013

O campeão de saltos e a gata imaginária

Continuando as histórias sobre bichos, falarei sobre meu primeiro cachorro.

Eu ia dizer que foi o primeiro cachorro da família, mas, na verdade, o povo aqui de casa teve uma porção de cachorros antes de eu nascer, e não consigo entender porque eu não me lembro de nenhum deles. 

De modo que esse é o primeiro cachorro de que eu me lembro. Mas ele foi um cachorro memorável, apesar que nem chegou a ter nome.

Foi assim: nós morávamos no fim do mundo e minha avó em Taguatinga, que pra quem não é daqui, é uma espécie de cidade-bairro de Brasília e fica no extremo oposto do DF em relação ao fim do mundo. Vez por outra meu pai colocava a mulher e todos os filhinhos no carro e íamos todos pra lá. Lembro de um dia especial em que na volta ele resolveu passar em outro lugar, para podermos adotar um cachorro. Era no canil público do DF, e eu fui planejando que cachorro fofinho eu iria abraçar e beijar, porque, afinal de contas, pra que servem os cachorros senão pra serem abraçados e beijados? 

Mas o meu pai pensava diferente de mim, e achou por bem adotar um vira lata enorme. Enorme mesmo. E me avisou que ele não era pra eu abraçar e beijar, que ele seria um cão de guarda, que seria bravo e que eu não deveria amansá-lo, senão ele não atacaria quando o ladrão entrasse no nosso quintal. Isso me deixou bastante decepcionada, mas é lógico que eu continuei planejando mentalmente o quanto o abraçaria e beijaria.

O cachorro veio no porta malas do carro e, quando chegamos, recebeu uma vasilha bem grande de comida. Comeu tudo e, quando eu planejava começar a sessão de abraços, ele simplesmente pulou o muro e foi embora. Pulou o muro. E nunca mais apareceu.

Acabo de entender que, em vez de comida, meu pai deu red bull pro cachorro
Aquilo sim me deixou decepcionada. Achei o cachorro muito abusado de comer e partir. E fiquei lá no quintal, brincando sozinha, lamentando a partida do cachorro.

Mais tarde, quando minha mãe apareceu, eu inventei que já que o cachorro tinha ido embora eu tinha uma gata. E fiquei falando falando falando pra ela da minha gata, que era bonita e que estava logo ali. 

Lembro bem que não tinha gata nenhuma. Eu inventei a história, tirei da minha cabeça, era uma forma de me consolar porque o "meu" cachorro tinha ido embora.

Mas eu resolvi mostrá-la pra minha mãe, que não estava ligando muito pra minha conversa. Insisti que ela tinha que ver que era verdade que eu tinha uma gata (e era mentira, eu não tinha gata nenhuma). Puxei-a pela mão até uma moita que tinha no jardim e disse: "aí minha gata!"

Nessa hora, minha mãe mexeu na moita e realmente saiu uma gata correndo lá de baixo. (tenho a impressão que era uma gata da cor da Tesla). Eu fiquei muito satisfeita por mostrar que realmente eu tinha uma gata, mas lembro de ficar impressionada de aquela gata aparecer exatamente na hora em que eu precisei... 

Minha primeira gata me incentivando a ser mentirosa!

Thursday, May 30, 2013

A primeiro balão



Na verdade esse não foi bem o primeiro... acho que do primeiro eu nem me lembro... mas esse foi o mais dolorido, e por isso, o que ficou na lembrança (e serviu de lição).

Eu tinha uma amiga, daquelas que a gente chama de irmã e tudo mais. Sabe aquela pessoa que sabe TU-DO de você? Aquela pessoa com quem você tem assunto sempre, mesmo que tenha passado o dia todo grudado nela? Aquela que sabe o seu pensamento e a sua reação pra cada coisa? Aquela que, se fosse homem, seria o marido ideal? Então, era assim.

Nos conhecemos no primeiro ano do colegial técnico e ficamos amigas inseparáveis. Eu fui pra uma faculdade (Unicamp, salve!), ela foi pra outra (Uninove... ou como diria um amigo meu: Uni-nine). Um dia ela arrumou um namorado e encasquetou que ia casar com o coitado. Mas como todos nós sabemos, relacionamentos as vezes são complicados, e eles brigaram. Sei que no meio disso eles já estavam pagando o apartamento e ela recebia o salário na conta dele. Mas como estavam brigados, eu ofereci minha conta pra ela ir usando, pra poder receber o salário e pagar as contas dela.

Dai você me pergunta: Mas porque causa, motivo, razão ou circunstância essa nega não usava a conta dela?
E eu te responto: Porque ela estava DEVENDO lá.

Dai você me pergunta de novo: Você é louca???
E eu te responto, de novo: Não! Eu sou ESTÚPIDA!

Voltando... sei que eu emprestei a conta, a senha e tudo mais que ela precisava pra ficar movimentando o salário dela em paz. E esqueci da vida. Afinal, uma irmã não ia fazer nada de mal pra mim.

O tempo passou, eles ficaram de bem, casaram, eu fui madrinha (e dei uma cama box de presente de casamento pra eles)... até que um dia eu precisei alugar uma casa. E qual não foi a minha surpresa quando descobri que meu nome tinha "uma restrição". Restrição. Nome mais bonitinho pra te chamar de caloteira.

Pensei em um milhão de coisas e não vinha nada na minha cabeça que eu estivesse devendo. Até que descobri que era uma restrição no banco onde eu tinha a conta que a amigona estava usando. Pedi pra ela dar uma olhada no que tinha acontecido e ela disse que já não usava a conta mas ia ver. No outro dia me falou que tinha um debito lá mas que ela já tinha acertado. Só que meu nome não ficou limpo e eu falei com ela de novo. Ela falou que ia ver de novo. E assim foram algumas vezes (talvez umas quatro), até que eu emputeci e fui no banco saber o que estava acontecendo.

A gerente me falou que havia um débito de 35 x R$ 1.500,00 que só foi paga a primeira parcela.



Meu sangue sumiu do corpo. Liguei pra amigona e perguntei o que foi que ela tinha feito. E ela falou que não sabia. Fui com ela no banco, a gerente falou do débito e ela ficou com cara de rolha. Falei que ela precisava dar um jeito naquilo porque eu queria fechar a conta.

Essa menina me enrolou por três meses dizendo que ia pedir empréstimo pro irmão, que ia fazer isso e aquilo. Só que não fazia. Resolvi ligar pro irmão e perguntar se era verdade. Ele não sabia de nada. Eu contei a história toda e dias depois consegui fazer um acordo no banco e diminuir a divida pra 16 mil. O irmão dela (que ficou assutado com a história) conseguiu pegar 14,5 mil pra pagar a divida, e os 1,5 mil faltantes eu completei (com ajuda do meu ex chefe) e quitei a dívida.

Ela disse que não conseguiria pagar esses 1,5 mil de volta porque já estaria com o salário todo comprometido pagando o empréstimo que o irmão tinha feito para ajudá-la. Dois meses depois um amigo em comum me contou que ela estava espalhando pros quatro cantos do mundo que ia comprar outro apartamento porque o dela era muito pequeno.

Liguei pro pai dela (que sempre me tratou muito bem, a ponto de me chamar de "a filha branca" que ele tinha) e contei tudo o que tinha acontecido (muito educadamente, é claro) e ele ficou muito bravo. Pediu mil desculpas, sem necessidade porque eu sei que a culpa em momento nenhum foi dele, e no outro dia os 1,5 mil estavam na minha conta.

E foi assim que eu aprendi, a duras penas, que não se deve misturar amizade com dinheiro.

Como disse meu ex-chefe: "Se você emprestar dinheiro, você vai ficar sem o dinheiro e sem o amigo. Então não empreste e fique só sem o amigo".

Nunca ouvi palavras mais sábias!!! E esse foi o primeiro balão de responsa que eu levei.

Anos depois ela tentou contato comigo de novo... obviamente eu ignorei, né! Vai que ela estava precisando de mais uma conta emprestada...

To com uns cartões de crédito aqui sobrando... alguém quer?

Bjinhosssssss

Wednesday, May 29, 2013

Tela azul

A Ira cometeu um erro fatal (existir) e sera fechada para balanco...

Semana que vem eu volto... Prometo que volto...


Monday, May 27, 2013

Kiss me, baby - PrimeiroS beijoS 4, 5 e 6.

Na verdade o quatro e cinco não aconteceram mas existiram. Foram não-beijos. E o seis... esse sim foi O beijo. Digamos que foi o primeiro beijo técnico, rs. 
Tentando explicar o causo...
The FOUR. Horas e horas na biblioteca... mas NÃO rolou nada disso. Aff.
O número 4: Naquele tempoooooooooooooooo já tinha feito 15 anos - comemorado em casa sem concha nem gelo seco, rs - e já lidava melhor com o grande problema chamado "garotos idiotas". Já tinha caído na real e entendido que aquele namoradinho perfeito, fofo e eterno de infância ia ficar na lembrança também! Estudava numa escola muito boa e conceituada, de "rico" graças a um mega desconto na mensalidade (50%) por ser atleta. De manhã aula, de tarde treinos! Nada demais. Apesar de ter alguma noção da distância financeira entre eu e os outros... isso nunca tinha atrapalhado em nada minha humilde vidinha. Lembro-me de uma colega comentar que ali só tinha príncipes... todos lindos, educados e rycos! Achava ela uma deslumbrada - logo eu, a pobretona da thurma!
Um dos príncipes era da minha turma, da minha equipe e meu amigo de fé, irmão camarada. Amigo ao ponto de passar a hora do recreio comigo dentro da biblioteca lendo e comentando clássicos gregos. Em algum momento devo ter levado uma pancada na cabeça, só poooooooooooode! Como demorei para perceber o que estava acontecendo - lenta! O fato é que eu tinha uma queda de 1,72 m por ele. E ele uma quedaça de 1,98 m por mim. Só que os dois tontos e tímidos não sabiam como lidar com isso. Então íamos tocando isso de sermos grandes e inseparáveis amigos. Meu Aquaman não tomava iniciativa e eu também não sabia o que fazer. Devia ter metido um beijo nele e pronto, mas...
The FIVE. Não faltou iniciativa... mas sempre tinha um empata-kiss na hora H!

O número 5: Correndo por fora havia um outro quase-príncipe. Esse não era herdeiro de capitanias hereditárias mas tinha um histórico familiar super charmoso... órfão (os pais morreram num acidente) era criado pelo avô alemão judeu que tinha fugido de Hitler. Pode ter algo mais romântico do que isso? Não. Ainda mais se juntarmos ao fato que ele era o garoto mais bonito que já vi na vida, dono de olhos verdes-azuis água de arrepiar... e de um sorriso de enlouquecer. O mais legal era que ele não tinha a menor ideia da própria beleza, não percebia (ou fingia bem não perceber) as meninas babando atrás dele.  E  além de ser modesto era um artista, tocava piano (para mim...) e sabia dançar muito! Ele era de outro colégio, que ficava justamente entre minha casa e a da minha melhor amiga. E sei lá como sempre aparecia "por coincidência" onde eu estava. Seja na praia, na sorveteria, no cinema ou numa festinha. Batíamos altos papos... sobre a segunda guerra mundial. Até conheci o avô dele, rs. Sim, fiz ele me levar pra conhecer pessoalmente o avô e ouvir dele a confirmação das histórias contadas pelo neto. É, podem me esculhambar. Mereço! Não posso culpar ele por falta de inciativa, ele bem que tentou, mas a gente sofria de uma síndrome lazarenta de puro azar. Era só a gente tomar coragem, esquentar o clima e... aparecia alguém em cima da hora para estragar tudoooooooooooooo! Malditos empata-kiss! Acabou virando piada entre nós três: ele, minha melhor amiga e eu.
Seguia me divertindo - só que não - entre os beijos que nunca rolavam do 4 e do 5 quando do nada surgiu o  6! Salve, salve o número seis. Devia ser meu número da sorte. The SIX! Meu Wolverine moreno jambo com gosto de açúcar mascavo!
The SIX. Começando a aula prática... chega de teoria!
O número seis: Foi numa festinha de aniversário da filha de amigos dos meus pais. Ela era meio a fim de um amigo meu e me convidou para que eu, claro!, o convidasse. Chamei ele e ele chamou toda galera da equipe. No meio desses acabou vindo o irmão mais velho de um dos garotos da sala. Ele trouxe a turma de carro porque - uau - já tinha 18 anos e estava na faculdade. Era só para deixar a meninada lá mas acabou ficando... Resumindo tudo, com ele aprendi a gostar disso de dançar música lenta, aprendi literalmente a lidar com cantadas, elogios e cia ilimitada de garotos e aprendi a beijar. Ali, na varanda da sala do apê de uma nem tão amiga assim. Foi uma aula e tanto. Não, não me apaixonei por ele. Nem ele por mim, acho. Era até engraçado porque o romantismo era zero ponto zero. Mas a química era 10! Éramos totalmente objetivos e me sentia super a vontade com ele, que levou a sério isso de me ensinar a beijar. Conseguimos lidar na boa e com a maior leveza a minha condição de sem-beijo. Acho que ficamos juntos nessa noite e em pelo menos mais 4 ou 5 vezes. Tudo desandou quando ele resolveu que era melhor a gente "namorar" de verdade. Epa! Devagar com o andor porque isso de levar namorado em casa - seria o primeiro - iria acabar com minha vida mansa e independência. Não achei boa a ideia e ele meio que concordou. O chato foi lidar com a platéia - toda equipe e sala de aula - acompanhando o desenrolar do caso. O pior e mais bizarro foi ter que dar explicações para as meninas do porque não queria namorar com o seis depois de ter "arrasado" com o quatro. Perdeu, playboy. Quem mandou demorar tanto? Na cabeça delas era o "mínimo" que eu devia fazer pra não ficar mal na fita. Ah, tá... não ia ser nessa encarnação que namoraria alguém só pra dar satisfação pro povo da escola. Estão lembrados que ele era da mesma sala e equipe minha?... Gente mais intrometida e fofoqueira que só fez a situação complicar ainda mais! No fim, acabei perdendo a amizade do four. Dane-se!
Sabe de uma coisa? Acho que tive muita sorte de ter tido uma "aula" de beijo com o SIX. Foi bom e não me arrependo. E foi melhor ainda não ter nenhum tipo de envolvimento emocional com ele pois assim entendi a diferença entre mera atração e estar realmente apaixonada. Não que soubesse ainda o que era estar apaixonada... isso ainda demoraria um pouco para acontecer.




Hoje só me arrependo dos não-beijados. Como teria sido? Curiosidade...
Nunca mais vi os números quatro e seis. Encontrei o cinco num carnaval alguns anos depois, mas aí era tarde... estava com o Coelho Branco (number nine!) a tira colo.



Sunday, May 26, 2013

Salvas pelo gongo



Eu não leio resenha de livro. Nem sinopse de filmes. Gosto do nome, da chamada e assito - ou leio.
Na Nova Zelandia eu era sócia de uma locadora de DVDs alternativa. Todo dia eu ia lá buscar filmes que não estavam no circuito comercial.
Assisti filmes maravilhosos, documentários interessantíssimos, passei noites em claro aprendendo sobre um monte de coisas que eu nem julgava existir - de trafico de drogas a peixes em extinção na Africa!
E todos pegos "no escuro".
Até que eu peguei "Grizzly Bear" prá ver com as meninas. 
Essa é uma expressão que é bastante usada na Nova Zelandia, pra se  referir a criança que está brava ou mal humorada. Só podia ser fofo, né?

Graças aos Céus eu falei pro cara da locadora, que sabia que ele não podia me contar nada sobre os DVDS:

- esse eu vou ver com as meninas ( então 8 e 9 anos)
- Com as meninas? Tem certeza?
- Yep.
E pela primeira vez, ele meteu o bedelho:
- Desculpa, mas esse eu vou ter que contar. Esse é um documentário sobre um urso que mata o apresentador do programa. Imagens reais...

E as meninas foram salvas pelo gongo!

Saturday, May 25, 2013

Blogueira convidada - Eliene

A Eliene é a instância superior (não discuto sobre fatos) do nosso convidado da semana passada , o Junior. Graças a ela que consegui que finalmente ele escrevesse o prometido post e sei lá como, acabei por entusiasmar ela com a ideia de escrever um. Disse que foi o primeiro post da vida, já que não é blogueira.  Ficou toda insegura pelo batismo de fogo, justo aqui no Gaiola. Falei que éramos loucas, mas mansas. Quer dizer, nem todas, mas... 
Sabe o que achei do post? Que mandou bem demais! Tenho muita sorte de ter essa mulher maravilha como amiga (ainda que esteja morando longe... no Missisippi agora), profissional de primeira (dentista), mãe, arteira, artista, fotógrafa sensível e amada do meu amigo. E neo escritora. Estou em campanha pra ela abrir um blog. Junte-se aos loucos bons, lindona!
Preciso dizer mais? Ah, louca o suficiente pra ser minha amiga! E amiga o suficiente para não só fazer o marido escrever o post prometido como também escrever a versão dela do "evento".
Enjoy!


O BAILE....

    E depois de ler esse relato, me resta a visão feminina da coisa!! Sim, sou a atual esposa, antiga prima da amiga da amiga!! Como as coisas mudam não?


    Bom, em primeiro lugar, gostaria de situá-los no tempo e no espaço. O que me levou àquela pequena e peculiar cidadezinha? Minha prima, considerada por mim uma irmã (já que só tenho irmãos) morava lá. Costumava passar todas as férias na casa dela. Eu, nascida e criada em BH, cidade grande, onde não podíamos sair por aí pra encontrar os amigos, achava que estar na pequena cidade onde os adolescentes iam e vinham livres pelas ruas era totalmente "o must". Como eu era? Bom, o traje habitual era bata indiana, pulseirinhas hippie no braço, sandálias tipo boneca, óculos redondinhos, cabelão gigante até a cintura.... bem, isso mesmo, eu sempre fui da turma alternativa que se reunia numa roda de viola pra tocar MPB e beber enquando o restante da turma da escola ia pras boates. Por aí dá pra ter uma ideia de como eu era literalmente um peixe fora d'água nessa sociedade burguesinha de cidade pequena. Detalhe: eu só tinha 14 anos na época.
Devidos ajustes feitos, comecemos a história do baile.......

    Estava eu de férias na casa da minha prima quando ela me convida pra ir em um debut..... quê? Debí? (é assim que se fala: coisa de brasileiro ficar criando situações pra usar palavras importadas). Era um tradicional baile de 15 anos, coisa que eu nem fazia qualquer ideia do que pudesse ser... (lembrando, meus quinze anos foram comemorados numa festa em casa, eu usando calça boca de sino e batinha indiana - para tristeza da minha mãe, sem vestido e valsa - todos os amigos presentes, tocando Raul, Janis Joplin e etc.....). Nem me passava pela cabeça o que poderia ser esse tal debut (tipo um rito de passagem nem sei de onde pra onde, mas é). Minha prima falou com a amiga que eu estava de férias em sua casa e ela prontamente me convidou também. Enfim, fui.......
    Minhas impressões sobre tudo? SOCORROOOOOOOO, que festa era aquela? 15 meninas vestidas iguais, com seus pares devidamente também iguais, aguardando no meio do salão para dar início ao "baile". De repende: narrador com voz de locutor de rádio : "Beatriz, desperte para a sociedade.....", gelo seco, luzes (detalhe: todosssss os convidados da festa reunidos em volta do salão pra ver a dança: valsa com o pai. Até aí tudo bem, aceitável dançar com o pai!.... foi então que tudo aconteceu... Meu Deus, até hoje eu tenho vontade de rir ao lembrar disso, e digo que foi tão marcante que posso ainda descrever até os detalhes ( e olha que faz tempo, não vou dizer quanto, mas faz!! rsrsr). Então me entra o pai da menina com um sapato nas mãos , enquanto no fundo do salão, vem rodando lentamente uma concha (acreditem, uma concha!! Era pra ela ser supostamente a pérola? hãaaaaa???) e de dentro dela sai nada mais do que a debutante.......... juroooooooo, foi assim. O pai veio e trocou o sapato, tirou-a pra dançar a primeira valsa e logo após me entra um garoto todo fardado com uma espadinha na cintura, e dança uma valsa com ela, ao som de gritinhos e suspiros das garotas do salão..... hã?????? isso mesmo, foi tudo que me ocorreu. Quem era esse coitado? Deus do Céu, não tem como ser pior que isso?????? Juro, só pensei que era tudo muito surreal e que se isso era um "debí".... eu preferia nunca ter conhecido o real sentido dessa palavra. 
   

Enfim, sem mais delongas, após a dança patética, a amiga da minha prima surtou querendo conhecer o garoto fardado, que obviamente não era da cidade  e ninguém o conhecia, então pediu que a mãe dela pedisse pra mãe dele pra nos apresentar (sim, eu era a prima da amiga que estava junto, lembram?). Foi quando começamos a conversar (ele já tinha tirado a roupa estranha e a espadinha, e estava com uma camisa de banda de rock, pontos positivos pra ele, quem sabe ele fosse mais normal e pertencesse mais ao meu mundo do que a esse mundo estranho de cidade pequena?). Sei que de repente a tão interessada amiga da minha prima saiu pra conversar com outros garotos amigos dela e nos deixou com ele. E minha prima fez o favor de convidá-lo pra dançar comigo no baile dela (até então eu não realizava o que era o tal baile, achei que seria uma festa comum, só que com uma valsa à meia noite) e aí ele disse que dançaria, pegou meu endereço pra nos correspondermos, afinal nenhum de nós morava na cidade e eu nem sabia se ele realmente estaria lá no dia da tal festa da minha prima. Claro que eu nunca pensei que ele fosse escrever e muito menos que eu fosse responder, mas ele era bom de papo, escrevia bem (ainda escreve, creiam!! E também é bom de papo!) e parecia interessante. 
    Nos tornamos grandes amigos, dançamos a valsa da prima juntos ,ele me fez rir mesmo eu estando com uma enorme espinha no nariz no dia da festa e com um vestido estilo de "princesa" que era tão NÃO EU , que até hoje lembro da sensação de desconforto em estar ali usando aquilo, mas o que não se faz por uma prima irmã?
 
 Enfim, ficamos mesmo amigos, cada um seguiu seu rumo, tivemos nossas conquistas e desilusões e nos apoiamos nisso tudo, sempre nos correspondendo (nunca paramos de nos escrever, desde a primeira carta: é gente, nessa época não tinha e-mail e facetime, era na cartinha mesmo!!!) . Não sei muito bem como e nem porque a amizade, muito tempo depois, deu lugar a um amor, um amor seguro e maduro, que hoje se torna cada vez maior!!! E sou gratíssima por ter estado naquele baile ridículo e ter conhecido lá o amor da minha vida, mesmo sem saber disso na época. 
Primeira vez? Bom, tiveram váaaaarias nesse relato: primeiro baile de debutantes, primeira garota saída da concha (e única espero!), primeiro militar que eu conheci e primeiro e único marido !!! Querem mais? 

Friday, May 24, 2013

Meu primeiro bichinho de estimação

Sempre tivemos bichos aqui em casa. Sempre. Tivemos cachorro, papagaio, jabuti, porco, patos, galinhas, gata clandestina (esse eu conto noutra ocasião), gata imaginária (tbm dá um post!), abelha (mais um)... Mas meu primeiro bichinho de estimação foi... 


Isso mesmo! Uma galinha. E a história é meio trágica, já aviso logo.

A minha maior diversão quando eu era criancinha era sair com meu pai. Ele tinha uma Brasília azul que fez o maior sucesso no tempo dos Mamonas Assassinas, e se eu percebesse que ele se movimentava como quem estava pensando em sair, eu logo pedia pra ir com ele. Às vezes ele deixava, às vezes não... era tipo uma loteria. Eu não sei tudo que ele ia fazer na rua, mas quando saía com ele eu sentia que ele era o homem mais conhecido da cidade, pois cumprimentava todo mundo.

Mas isso não vem ao caso. O caso é que ele sempre saía para ir ao sacolão ou à feira, e lembro de uma das vezes que ele deixou eu ir. Na volta, ele trazia uma galinha viva no carro. Não um pintinho. Uma galinha adulta. E ele me disse que a galinha era pra mim, que era pra ela dormir debaixo da minha cama.

Era uma ideia genial! A galinha ia espantar todos os monstros que ficavam querendo puxar a minha canela a noite, quando eu ia no quarto escuro buscar alguma coisa. Eu já tinha até planejado colocá-la numa caixa de papelão, pra ficar mais quentinho.

Só que, quando chegamos em casa, comecei a perceber uma movimentação estranha para os lados da franguinha. Minha mãe foi lá pra fora com ela, trancou a porta e não me deixou sair. Lembro de ficar olhando pelo vidro canelado da cozinha, tentando entender o que se passava lá fora. 

Eu só lembro até essa parte. É claro que a galinha não era pra mim. Meu pai tava só fazendo piada quando disse que ela era minha, na verdade ela era o jantar. E ele fez o favor de não dizer à minha mãe que tinha feito essa piada... Minha mãe conta que eu aprontei um escândalo porque ela tinha matado minha galinha...

Pra me compensar desse sofrimento, ela comprou dias depois uma porção de pintinhos amarelinhos, que passaram a morar no nosso quintal e que ~ viviam morrendo ~ afogados na vasilha d'água, mas eu não me importava, era divertido brincar com eles mortos também (na verdade eu nem sabia que eles estavam mortos)...

No fim das contas, acabou que a minha primeira galinha ficou comigo pra sempre, como parte de mim.
Eu a comi no jantar... O problema é que no fim das contas ninguém espantou os monstros de debaixo da minha cama e eles estão lá até hoje...

Thursday, May 23, 2013

A primeira operação

Esse é um assunto que deixa todo mundo preocupado.

Quando o médico fala "talvez seja preciso fazer uma cirurgia" a pessoa já treme nas bases.

Comigo foi mais ou menos assim. Eu tinha 19 anos.

Fiz alguns exames de rotina e quando fui levar os resultados pro ginecologista ele virou pra mim e disse "Tem um pequeno nódulo ai no seu peito. Não é nada de mais, mas se você quiser a gente pode tirar".

Fiquei preocupada! Fiquei assustada! Como ia ser? Será que era isso mesmo? Então eu tomei coragem e fiz aquela pergunta básica pro médico:

- Doutor... se eu tirar esse caroço meu peito vai diminuir? Porque se for, deixa ele ai mesmo!

Ele olhou pra minha cara, deu risada e respondeu:

- Não, menina! Não vai diminuir o tamanho do seu peito.

- Então tá certo! Pode marcar.

Afinal, eu pagava caro no meu convênio e tinha que aproveitar!

A operação foi numa sexta, durou 15 minutos, e no final do dia eu já estava em casa. O único incômodo que eu senti foi fome, porque me mandaram ir em jejum pro hospital as cinco da madrugada e minha operação só foi começar as dez da manhã.

E eu estou aqui... com meus dois peitos (igualmente) pequenos.

Silicone.. quem sabe um dia....

Wednesday, May 22, 2013

Voce eh feia

Eu me lembro da primeira vez que alguem disse que eu era feia... Foi no final do terceiro colegial... Nao que não tiveram outras pessoas que pensaram isso antes, mas ate ali ninguém tinha me dito. 

Era ja final do ano e eu estava muito ocupada para passar na universidade, tinha passado o ano todo estudando muito pra isso... Já tinha passado a primeira fase da Unicamp e da Fuvest e agora poucos ainda iam as aulas, já que quase ninguém tinha passado para a segunda fase.  

O meu colégio resolveu juntar o terceiro colegial com o cursinho, já que eramos tao poucos e as aulas seguiram. No dia da primeira prova da segunda fase da Fuvest - prova de português e redação - fomos todos juntos numa van, contratada pela escola, ate a escola em outra cidade fazer a prova.

Eu estava esperando a van chegar quando um menino que fazia cursinho chegou perto de mim e disse: "voce eh feia"

HAHAHAHAHAHA

Eu ri... 

Ele repetiu: "você eh feia! Nao sei do que você esta rindo, isso não eh um elogio" 

Dai eu gargalhei... Gargalhei tanto que ate encheu de lagrimas meus olhos... Ele ficou bem puto e se afastou...

Dentro da van ele ficou falando alto, pra todo mundo, o quanto ele era seletivo com mulher... Que muitas estavam afim dele, mas poucas tinham o privilegio de ficar com ele... E eu ali, pensando nos livros que tinha lido pra prova de literatura e relembrando tudo na minha cabeça, ou seja, preocupadíssima com o rapaz que tinha acabado de me chamar de feia. 

Fizemos a prova e na volta, na mesma van, ele se sentou ao lado de outra garota... Ficou de papo furado com ela, bem na minha frente... E la pelas tantas ele tentou beijá-la... E ela deu um soco na cara dele, não foi um tapa, foi um soco! E ainda disse que "playboyzinho ridículo e feio não tocava nela".

Quando chegamos em nossa cidade e todos desceram ele veio atras de mim e disse: "espero que voce nao tenha dado risada do soco que eu levei... Voce que eh feia"

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

Posso com uma coisa dessas?

Monday, May 20, 2013

Kiss me, baby - PrimeiroS beijoS 3


O primeiro beijo roubado.

Passou o tempo, o ano terminou e fui de férias para o feudo da família. Lá no interioooooooooooor diMinas, uai. Foi quando tive minha segunda experiência traumática com meninos idiotas. Tecnicamente foi o terceiro beijo e o primeiro beijo roubado. Não foi tão ruim quanto o anterior mas foi desagradável o suficiente para mim.
Lá no feudo, nós, as "priminhas" da cidade grande - do Rio! - éramos um tipo de atração nas férias escolares. Sinceramente detestava esse tipo de atenção. Não tenho primos diretos mais velhos. Na verdade as mulheres sempre foram a maioria na família. Em compensação... tinha um monte de primos de terceiro, quarto, quinto grau (isso existe?). Minha avó, cheia das boas intensões, querendo enturmar a gente, vivia levando pra conhecer os netos das primas dela. Era engraçado, pois sendo um feudo pequenito, todo mundo acabava sendo aparentado um do outro, seja por sangue, casamento ou só "consideração". 
Na noite anterior tinha conhecido na casa de uma das primas da minha vó um primo made in capital - Belô - e que se achava o rei da cocada preta. Não era pra menos... as primas diretas dele e as amigas delas babavam em cima do pentelhinho vindo da cidade grande. Um porre! Nunca tive paciência pra menino idiota. Para menino idiota que se acha o TAL... menos ainda. Ignorei. 
Como cometi o erro de ignorar o moleque ele prestou atenção em mim. Aí virei alvo de ciúmes da caipirada cor de rosa choque com hormônios em ebulição. Meninas de 13 anos conseguem ser pior que o demo quando estão na onda de perseguir-segregar-intimidar uma suposta rival. Até tentei explicar que não estava a fim dele - e não estava! - e que.... mas de nada adiantou. Na cabeça delas eu era um tipo de perigo vindo diretamente do Rio de Janeiro. Cê jura? A situação piorava porque eu ria - na cara delas - dessa preocupação infundada. E ria mais ainda do fato delas acharem o tal do garoto um tipo de galãzinho. Fui sincera demais e acabei por dizer que achava ele um bostinha (máximo do palavrão que falava na época) e elas umas tontas. Pensa se não ganhei duas dúzias de inimigas? 
Teve uma comemoração do aniversário do galãzinho das geraes... fui obrigada pela minha avó. Ele era o neto preferido da prima preferida dela. E ai de mim se não fosse! Passei o tempo todo sentada com os mais velhos, ouvindo causos. Na boa, preferia mesmo isso do que ficar lá com aquele monte de adolescentes ovulando e correndo atrás do chatonildo. Achei que tinha ganho a parada. Depois daquela noite não seria convidada para mais nada, que era... justamente o que queria.
No fim de semana seguinte a surpresa. Prima da vó ligou e disse que o netinho queria que fosse com ele para a matinê no clube. Era um tipo de boate mirim que começava às seis da tarde, num salão do clube perto da igreja. Claro que vovozinha amada aceitou - por mim! - e não teve jeito de não ir. Fui carregando irmã a tira colo. Ela estava mais entusiasmada com o evento do que eu. Quem me olhasse ia pensar que estava indo pra forca.
Só que... chegando lá... pensa em uma pessoa que ama dançar? Que amaaaaaaaaaaaaaa uma pista de dança. Que não está nem aí se está dançando bem ou não. Se tem gente olhando ou não. Se tem gente comentando ou não. Se tem gente na pista dançando junto ou não. Pensou na figura? Eu era assim. Toda a nerdisse interior e a timidez sumiam numa pista de rock. Não estava nem aí se chama atenção, se estava dando show, se... tudo que importava era a música, as luzes, a energia e o meu corpo vibrando num ritmo alucinado. 
Fui pra pista e dancei, dancei, dei show (acho, kkkkk) e nem liguei se tinha alguém por perto. Não dançava com ninguém, era eu e a música. Não havia espaço para mais ninguém nessa relação. Daí... algum babaca resolve tirar o rock e botar música lenta. Broxei. Tem coisa mais nada-a-ver do que aquele instante em que a festa para e colocam música lenta pra um monte de espinhas e cravos ambulantes? Fica aquele suspense, a maioria sem jeito, ninguém sabe o que fazer ou como agir. Exceto os idiotas, esses sempre sabem o que fazer. Fazem merda!
Estava eu ali, perdida na pista, totalmente off e pronta pra ir procurar o bebedouro mais próxima - morta de sede! - quando o galãzinho da caRpital chega do nada e me chama pra dançar a música. Não sei porque aceitei. Não devia ter aceitado. Mas bateu um complexo de boa meninice e fiquei sem graça de dar um fora nele. O projeto de galinha grudou em mim - algo que achei nojento... eu estava pingando de suor de tanto me esbaldar na pista de dança - de tal modo que nem um suspiro separava nossos corpos. Fiquei incomodada e empurrei ele. E ficamos nisso de empurra e volta por alguns segundos. Quando enfim ele teve a ideia de gênio - só que não - de me roubar um beijo, na marra. Muito azar! Já estava escolada do beijo anterior. Aliás estava escolada e louca pra revidar. Não consegui morder ele, foi mais esperto. Mas... meti um chute daqueles bem na zona do agrião e larguei ele estatelado no meio do salão. Não foi um chute bem dado mas foi o suficiente. Foi o maior auê na platéia. Saí dali correndo com medo de apanhar das outras meninas que ficaram revoltadas por eu machucar o precioso delas.
Voltei pra casa da minha avó furiosa e fui dando a real. Que nunca mais queria sair com os nenhum neto das primas dela, que não precisava me arrumar gente pra sair e que preferia passar as férias sozinha lendo meus livros do que com aquelas pessoas. E que aqueles priminhos queridos eram a pior companhia da cidade!
Deu certo porque ela não me aborreceu mais com esse tipo de coisa. Deu errado porque tomei uma raiva danada de todo e qualquer garoto. Dali em diante passei a achar que todos eram idiotas sem remédio. A única exceção, claro, era o doce R... que era meu consolo. Assim  virei uma feminista casca grossa antes dos 13 anos com ódio mortal de qualquer um do sexo oposto. E sempre que um desavisado fazia, sem querer, qualquer movimento em minha direção eu já entrava em posição de defesa e me colocava pronta pra mandar um chute bem dado, um soco no nariz ou um dedo no olho. Só por garantia...  just in case.
Prometi pra mim mesma que beijo roubado nunca mais!

Sunday, May 19, 2013

Fenix, CHEGUEI!




Essa está sendo de longe a minha mudança mais trabalhosa. Além de chegar num dia e assumir a  casa de sucos que nós compramos no dia seguinte, eu nunca achei que aqui nos USA a coisa fosse ser tão burocrática.
É verdade que tudo acontece rápido - mas é uma papelada, uma trabalheira só.
Mas o que mais anda me preocupando nem é isso.
Desde que eu saí do Brasil, há 14 anos atrás, nós não trancamos a porta da nossa casa ( enm quando saímos nem quando vamos dormir) e deixamos os carros destrancados na rua.
Se ele fica na garagem, a gente já deixa a chave no banco do motorista para não ficar tendo que procura-la na manhã seguinte.
Aqui eu já percebi que a coisa vai ter que ser diferente - e que nem adianta eu querer ser uma fofa imbecil e deixar a porta destrancada, por que se alguma coisa acontecer, o seguro nem vai pagar o prejú.
Em Bahrain o clima é quente prá dedéu e a gasolina é praticamente de graça -e ntão eu sempre deixava o carro ligado com o ar condicionado quando eu tinha que fazer uma coisa ou outra, assim quando eu voltasse pro bichinho, a temperatura estaria agradavel.
Aqui no Arizona a temperatura é tão causticante quanto no Oriente Médio, ams a gasolina não tem nada de barata - e as pessoas ainda tem o mau hábito de roubar as coisas dos outros, portanto lá vou eu ter que me adaptar aos novos parametros...

Pela primeira vez em 14 anos, vou ter que começar a trancar as portas!

Saturday, May 18, 2013

Blogueiro Convidado - Júnior

A primeira vez que um blogueiro convidado não foi apresentado, rs. 
Que furo! Peço desculpas, resolvi passar a manhã na piscina porque sou gente e o sol de outono do cerrado me chamava... Electra, Electra vem!!! Vem tirar o mofo! Engoliram a desculpa esfarrapada? Então tá.
Apresentando enquanto é tempo o menino (viu como sou amiga?). Cara da paz, gente fina, roqueiro e blogueiro nas horas vagas, um cérebro privilegiado que conseguia ler revistinhas (escondido) na hora da aula,  pai de três encantos, amigo de infância, quase parente (livrou-se por pouco!), nem me lembro desde quando conheço o JR e família. Contam as más línguas que desde os idos do Acre, em mil novecentos e bolinha... Em determinado momento da vida ele cometeu seu maior acerto da vida: casou-se com ela - a prima da amiga da debutante ou era a amiga da prima da debutante? - e ganhei outra boa amiga. Quem quiser conhecer mais basta visitar ele aqui. Não vão se arrepender.
Aí vocês vão me perguntar... Como conseguiu que ele (e ela - a esposa - no próximo sábado) escrevesse pro Gaiola?
Respondo: Já ouviram falar em CHANTAGEM emocional? Funciona! Bem com apelar para as instâncias superiores do PODER. Tipo assim, a esposa!

(12:50 no planalto central)




A primeira vez que vi minha esposa


Um debi!

__ Arranjei um baile para você dançar.

__ Como? __ respondi quase engasgando com a pipoca.

__ Arranjei um baile para você dançar.

__ Baile? Que baile?

__ Baile de debutantes. Um "debi"!

Já tinha parado de comer. O assunto era sério. Não fazia sentido, mas era sério. Estávamos no início da década de 90, começava a aparecer uma estória maluca de um tal PC Farias, a MTV era a novidade na televisão, eu sonhava com o tal CD que vinha para substituir o disco de vinyl e minha mãe aparecia com essa estória de baile de debutantes?

__ A filha de uma amiga minha vai fazer um baile de 15 anos. Quando soube que você era Cadete, me perguntou se você não dançaria a valsa com ela. Claro que disse que sim. É bom partido, o pai dela é dono de um Hospital.

Bom partido? Por que de repente me senti em plena década de 50? O que era aquilo? Anos Dourados?

__ Dançar o que?

__ Valsa, oras! 

__ Mas eu não sei dançar valsa! _ Na verdade, eu não sabia dançar nada. Era um treva completo para qualquer ritmo. Hoje me arrisco em quase tudo, cortesia de um pouco de álcool. 

__ Aprende.

E foi assim que me vi na situação de dançar um baile de debutante com a filha de um figurão da cidade. Quer dizer, não exatamente. Eu recusei, rolou aquela chantagem emocional que as mães são especialistas e acabei cedendo. As fotos da menina, Beatriz, em uma revista da cidade também ajudaram um bocado. 

Melhor não situar muito no espaço, mas tratava-se de uma cidade de interior e meu pai comandava um Batalhão do Exército lá, aliás o único. Estávamos na semana santa e o baile seria em algum feriado do segundo semestre. 

Nas férias fui conhecer a debutante. Menina bonita, achei. Simpática também. Tínhamos mudado para aquela pequena cidade no início do ano e como eu estudava em Resende, não conhecia ninguém. Parecia que minha sorte estava para mudar. Eu costumava sair sozinho à noite, a pé, para os bares e boates, mas minha timidez me impedia de aproximar das pessoas. Sentia-me um estranho naquela cidade, e de fato era.

O dia do baile chegou e lá estava eu, vestido com minha túnica e espadin. O salão era grande, dois andares, lotado. Realmente um evento social na cidade. Eu iria dançar sozinho com a debutante, sob olhares de todos. Confesso que estava bem nervoso, ainda mais que aprendera a dançar na véspera. Felizmente descobri que a valsa é um ritmo bem fácil de enganar. Um para lá e outro para cá. Até eu era capaz de dançar aquilo.

Nunca gostei de usar farda em público. Ainda mais naquela situação, onde eu era o único a usar uma, no meio de uma gente que eu desconhecia completamente. Trouxera uma muda de roupa e minha intenção era me trocar assim que possível. Sob protestos da minha mão, que fique registrado!

Chegou a hora. Efeitos especiais, gelo seco, luzes, tudo que tem direito. Com uma rosa na mão estava eu em um canto do salão. No outro canto, um enfeite que parecia uma grande concha ou algo parecido. Como não teve ensaio, não  sabia bem o que iria acontecer. Só sei que parecia tudo meio surreal.

Um narrador começou a contar a estória da menina, seus pais, sua infância, tudo meio brega. Só que ainda não tinha visto nada! Afinal, onde estava a debutante? Depois de uma pequena pausa, a voz anunciou: Sociedade de A., hoje será apresentada sua nova integrante... Beatriz, desperte para a vida!


A concha virou e se abriu. Sentada em seu interior estava a aniversariante. Inacreditável! Eu achava que não existiam coisas assim!

 Seu pai se aproximou com seus sapatos e colocou em seus pés. Aturdido, só me perguntava o que eu estava fazendo lá. Enquanto eles dançavam a primeira valsa, eu assistia aquele espetáculo literalmente de boca aberta. Ainda mais que percebia nitidamente que também era centro das atenções. Que noite!

Alguém atrás de mim, que dançaria uma terceria valsa, esta com as amigas e pares, e que posteriormente se tornaria meu melhor amigo na cidade, comentou.

_ Cara, eu não te conheço mas estou com pena de ti. Toma, bebe para dar coragem! _ e me estendeu um copo com whisky.

Então chegou minha vez. Atravessei o salão com todo mundo me olhando e cheguei até Beatriz, com a rosa. Seu pai apertou minha mão e me passou a aniversariante. Juro! Aconteceu assim mesmo!


Para encurtar a estória, nós dançamos. Não pisei no pé dela, contei algumas piadinhas, rimos e terminou.  Na primeira oportunidade corri para o banheiro e troquei a farda. Não dava! Nem a pau que eu seria a única pessoa fardada naquela sociedade de loucos!

Procurei ir junto à aniversariante para ver se finalmente me enturmava, mas ela estava fazendo seção de fotos. Algo me disse que o meu brilhante plano de me integrar estava indo para o buraco. Retornei para junto do meus pais, onde minha mãe me esperava meio aflita. Tinha prometido a uma de suas amigas que me apresentaria para filha dela, que estava ansiosa para conhecer o "Cadete".

A garota era bonita e novamente me animei. Ela estava junto com uma amiga e a prima da amiga, que não me chamaram muito a atenção. Só que logo depois que começamos a conversar um grupo acenou e ela  pediu licença para ir até eles. Acabamos eu, a amiga e a prima da amiga sentados em uma mesa conversando amenidades.

A amiga faria 15 anos no fim do ano e haveria um outro baile de debutantes. Já fiquei com o pé atrás, mas já estava bem mais discontraido pois as duas eram bem simpáticas. Foi quando ela soltou inocentemente:

_ O único problema é que minha prima não tem par...

Vi que a prima ficou vermelha e deu um puchão. Ri.  Não sei porque, talvez por enfim estar conversando com alguém da cidade, imediatamente me voluntariei para dançar com ela. E assim nos despedimos, com um encontro marcado para alguns meses depois, com uma pessoa que conheci naquele momento e que não veria até o dia do baile. Num impulso peguei seu endereço, pelo menos teria um motivo para escrever uma carta para alguém.

É preciso entender que eu fui um adolescente bem tardio, ou seja, levei um bom tempo para começar a sair com garotas e namorar. E muito tímido também. Ali, recém completado 18 anos, contava com "duas ficadas" e nada mais. Ou seja, um zero à esquerda. Era comum naquele tempo a correspondência por cartas e meus colegas na Academia viviam mandando e recebendo as suas. Resolvi aproveitar a desculpa para mandar uma carta e quem sabe teria a emoção de receber uma carta de uma menina! Patético, não?

Pois a prima da amiga da amiga de uma debutante hoje é minha esposa. E nosso primeiro encontro foi no baile da prima, onde ela se escondeu atrás de uma enorme espinha no nariz, mas esta é outra estória

Ah, antes que eu esqueça, não imaginem que a partir deste primeiro encontro começou um namoro que terminou em casamento. Nada disso, o caminho foi espinhoso e tortuoso. Nos tornamos amigos, tivemos nossos namoros, nossas desilusões e 7 anos depois enfim fomos nos enamorar. Amor à primeira vista? Não comigo! No meu caso o amor foi realmente construído sobre uma camada de crescente amizade. 

Se faltou romantismo neste primeiro encontro, sobra hoje em dia. E sim, somos muito felizes juntos. Graças a Deus!

Friday, May 17, 2013

Sobre a civilização

Dias atrás eu estava voltando pra casa debaixo do agradável sol das 2h da tarde aqui de Mordor do centro-oeste, quando, ao passar ao lado do estacionamento de um banco, vi uma mulher tentar sair do estacionamento e bater na porta de um carro que estava estacionado do outro lado da rua.
A monstra deu ré no carro com toda a força (não exatamente força dela; favor ignorar a má utilização da expressão) e acertou a traseira de seu carro no carro de um terceiro, que provavelmente estava dentro do banco naquele momento.
Como pessoa civilizada que era, logicamente ela parou seu carro e procurou saber quem era o dono do carro em que bateu, para que pudesse oferecer-se para reparar o dano causado.

Ops... estou me enganando de história. Isso de procurar o dono do veículo que sofreu a batida para se oferecer para reparar o dano aconteceu num conto de fadas que eu estava lendo num outro dia... Nesse dia, a mulher simplesmente manobrou o carro e foi embora, deixando o prejuízo pro otário que não estava lá pra lhe dizer umas boas...

Eu, que não tenho nada que andar resolvendo o problema dos outros, fiz o que? Anotei a placa do carro dela e entreguei pro dono do outro carro, a quem um flanelinha tinha ido chamar desesperadamente.
Sou X-9 mesmo, e daí?
Daí ontem eu e o meu estagiário-namorado fomos lanchar na casa de uma vizinha dele, que tem uma filha que é casada com o chefe do corpo de bombeiros numa cidade da Suíça, e essa senhorinha contava que o rapaz ficou muito assustado ao ver as fotos das casas aqui no Brasil, todas com muros, grades, cercas elétricas... Ele disse que é muito estranho, que parece que todos aqui vivem na prisão.

(Aliás, meu avô, que viveu sempre na roça, quando ficou bem velhinho e passou a morar nas casas dos filhos, certa vez questionou que crime tinha cometido pra precisar viver na prisão. A casa era toda gradeada...)

Essa senhora contou ainda que o genro e a filha dela contaram (ô disse-me-disse do caramba!) que, lá na cidade em que eles vivem, ele estaciona o carro na rua, sai e deixa aberto, com a chave na ignição. E ninguém rouba? Disseram que não. Aliás (adoro essa palavra!), disseram que se começar a chover ou a nevar e o carro estiver aberto, às vezes as pessoas da rua mexem no carro: entram, fecham as janelas e depois vão embora, sem levar o carro.

(Suponho que num lugar onde as pessoas agem assim, um caso como o da batida deve ter como conclusão lógica a que eu li no conto de fadas, né?)

É claro que isso gerou uma longa discussão entre eu e o namorado sobre como a má distribuição de renda e a péssima educação que recebemos em nosso país contribui para o aumento da criminalidade. Falamos ainda sobre como as pessoas aqui não se importam com o próximo, e se preocupam muito mais em cuidar de seu próprio bem estar que em contribuir para que exista de fato uma civilização aqui nesse aglomerado de pessoas que se chama Brasil.

Chegamos, contudo, à conclusão de que ambos temos fé no Brasil, e que com educação, combate à corrupção e justa repartição de riquezas ainda teremos um país bonito de se viver.

Logo após, paramos o carro na porta da padaria, descemos, compramos pão e, quando voltamos, algum сын сука (hahaha! nunca saberão que eu xinguei a pessoa de filho da puta em russo!!!) havia batido na porta do nosso carro e ido embora, sem se oferecer para arcar com o prejuízo...

E é pra isso que a gente tem fé nas pessoas...

Thursday, May 16, 2013

O Retorno de Saturno ou a Ilka



Dizem por ai que ele acontece quando a pessoa completa 28 ou 29 anos. Seria o mesmo que completar 1 ano de idade em Saturno. É quando o planeta está novamente na mesma posição em que estava quando a pessoa nasceu.
Dizem também que dá uma reviravolta na vida da pessoa. Os simpatizantes de astrologia poderiam explicar melhor do que eu, que não acredito muito nisso (mas que dá certo, dá!).

E eu tive o meu!

Em meados de 2008 eu estava formada, trabalhando na área que eu queria, tinha meu carro e estava dividindo apartamento com o namorado da época. Não, eu não era casada. Contrariando todas as pessoas do contra que insistiam em afirmar que eu era. Mas não, EU NÃO ERA CASADA. Apenas me deixei levar pelas situações (coisa que eu NUNCA fiz antes) e acabei por me encontrar nessa situação (assunto pra outro post).

Com exceção do meu trabalho, o resto estava uma bosta. O namorado era louco e ciumento e, pra evitar brigas, eu acabei me afastando de todos os meus amigos. O infeliz perdeu o emprego e decidiu aproveitar o seguro desemprego enquanto eu trabalhava das oito da manhã às dez da noite e, pra acabar de ajudar, o meu carro não funcionava quando estava muito quente e também não funcionava quando estava molhado.

Será que vai chover? Porque se for, é melhor eu ir de ônibus...

E eu não sei até hoje de onde eu tirei isso (provavelmente sinapses em série erradas entre meus neurônios), mas eu achava que relacionamentos eram assim mesmo. Que uma hora ou outra, seja com quem for, eu ia ficar de saco cheio e ia achar tudo uma merda. E já que ia ser tudo uma merda mesmo, então não tinha diferença, podia ficar por lá mesmo.

Talvez a vida seja assim mesmo...

Dai um amigo louco (o melhor deles) me indicou uma psicóloga. E eu fui. O nome dela era Ilka. Era uma mulher de uns 40 e poucos anos, meio gordinha, com cabelos loiros e curtos, com uma voz meio rouca.
Os dias foram passando e meus 28 anos estavam chegando.
Os dias foram passando e eu gostava cada vez mais de falar das coisas com a Ilka.
Até que um dia eu acordei e decidi que não queria mais brincar daquilo. Porque eu nunca tive vocação pra ser “sofrida”, sabe? Sabe aquela pessoa que gosta de ficar se lamentando e se rastejando pelos cantos, perguntando pra Deus porque que tudo de ruim só acontece com ela? Meu, na boa, só acontece coisa ruim com você porque você é um chato/a! E se eu fosse Deus, sacanear-te-ia também!
Nesse dia resolvi ir pra um churrasco na casa de uma amiga, aquela que o sujeito mais odiava na face da Terra (sem ele, óbvio). E enquanto eu estava dirigindo até a casa da menina ele ligou, resmungou, brigou, chorou, pediu pra eu voltar, pediu pra conversar e por fim, numa atitude que eu só posso imaginar que foi desespero, ME AMEAÇOUUUU!!!

Uuuuhhh!!! Que meda!
Ele me ameaçou dizendo que ia ligar pra minha MÃE pra contar o que eu estava fazendo!

Vai falar pra quem???

HAHAHAHAHAHAHA (pausa pra eu poder recuperar o fôlego)



E eu respondi “Liga lá e fala que eu mandei um beijo pra ela... Se nem ela manda em mim, imagina você...”.
E foi nesse dia que tudo mudou. Minha felicidade voltou! Dei muita risada, aproveitei a noite, comi muito churrasco, reencontrei meus amigos (inclusive o amigo louco que indicou a psicóloga) e por fim, voltei pra casa. Em paz com a minha consciência e, principalmente, de bem comigo mesma.

No final desse mesmo ano eu dei um pé na bunda do moleque ciumento, aluguei uma casa pra mim, contei pra mãe dele que ele tava fumando maconha no dia em que fui pegar minha mudança e arrumei outro namorado!

Não sei se foi a Ilka ou se foi o Saturno, mas o mais importante foi ter minha vida de volta.

E foi a primeira e última vez que eu me permiti ficar infeliz. Definitivamente, não vale a pena!

Wednesday, May 15, 2013

A morte

Eu gostaria de dizer que tenho pouca experiencia com a morte, mas não eh verdade. Perdi pessoas importantes durante a minha vida e tenho alguns problemas para lidar com isso, especialmente quando esta relacionado com doenças, ou tragedias... Porque eu me revolto... 

A Sherazade falou sobre dois amigos que morreram, num acidente... E eu me lembrei de uma historia triste... Nesse caso não era alguém próximo, mas ele era tao novo quanto eu e tinha a vida toda pela frente, como eu... 

Ele estudava na minha escola, estava num ano acima do meu... E era lindo... Eu nunca conversei com ele, mas eu lembro dele ser lindo... Dele ter o cabelo muito preto e os tracos perfeitos... Ser quieto e estar sempre rodeado de garotas sorridentes... Como não? Ele era tao lindo... 

Dai um dia eu mudei de escola e fiquei algumas semanas sem ver o menino lindo.. A cidade era pequena, então não me importei muito, a gente sempre encontrava todo mundo, de todas as escolas, aos finais de semana, na avenida principal, onde ficavam todos os bares. 

Eu me lembro que num desses finais de semana o menino lindo estava junto a um amigo meu... Eu fui cumprimentar o amigo e aproveitei para falar "oi" para o menino lindo...  Ele veio e me deu um beijo de "oi", sabe? Quando as bochechas encostam e você faz um barulho de beijos? Pois eh... O menino lindo me deu um "beijo" e quando eu fui fazer o barulho do beijo saiu alguma coisa muito estranha... Eu morri de vergonha e ele não pareceu se importar... Mas eu fiquei me sentindo uma completa idiota, mais do que eu costumava sentir...

Dai, um dia, entrando na sala de aula eu vi que havia uma certa comoção... Estava um silencio estranho.. Eu sentei na minha mesa e o professor me perguntou se eu conhecia o Thiago - o nome do menino lindo era Thiago - da escola X... Todo mundo conhecia, mas eu era da escola dele antes, então pensaram que eu podia ser uma amiga... Eu disse que conhecia muito pouco... E dai ele me contou que ele tinha morrido... Num acidente de carro, no dia anterior - um domingo.

Eu tinha visto ele, no sábado a noite e domingo de madrugada... Com algumas meninas sorridentes... Estávamos no mesmo bar, as 3 da manha, de domingo e ele saiu, com um amigo e as meninas sorridentes... So depois eu fui saber que as meninas sorridentes tinham convencido o menino lindo a ir no carro delas pra outra cidade próxima... E no caminho eles caíram de uma ponte... CAÍRAM DE UMA P-O-N-T-E! A menina que dirigia o carro estava muito bêbada - dizem que também drogada, mas não sei ao certo - e subiu numa ponte em construção, inacabada... Tinham muitos sinais e barragens nessa ponte, mas ela passou por cima de todos... E caiu la de cima... Ela não morreu, ela mal se machucou... O menino lindo ficou tao desfigurado que quando a policia foi ligar para os pais para avisar ligou pros pais errados... Eu nunca entendi como isso foi acontecer... Mas eh verdade... Eles ligaram para os pais de um amigo meu, que não estava em casa naquela hora - era um tempo sem celular - e os pais foram ate o local do acidente, para descobrirem que o filho que eles achavam que tinha perdido não era aquele ali, nas ferragens. 

Lembro de ter ficado em choque por muitos dias... De ter pensado na idiotice de dirigir embriagado... Na dor daqueles pais...

Essa historia me marcou tanto que eu nunca entrei em carro de ninguém que tivesse bebido... Cheguei a dormir na casa de uma amiga, porque o motorista que ia me dar uma carona estava bem bêbado...

Monday, May 13, 2013

Kiss me, baby - PrimeiroS beijoS 2

Nessa época morava no Rio maravilha da beleza e do caos. Tinha  de 12 para 13 anos mas com cara (e corpo) de 15, 16... alguns achavam até que 18. E claro que não sabia lidar com isso! Apesar da capacidade intelectual e de ser toda "séria e madura pra idade" como cansei de ouvir... minha idade emocional era próxima de uns 10 anos (ou menos). Ainda era completamente apaixonada pelo meu primeiro namoradinho e ainda sonhava que iríamos nos reencontrar como naqueles filmes da sessão da tarde. Para contextualizar a época, vivia o início dos anos oitenta, o rock nacional explodia com Kid Abelha, Paralamas e Blitz. Michael Jackson era preto e tinha acabado de lançar seu primeiro disco solo, Billie Jean tocava sem parar nas rádios. A moda entre os adolescentes era fazer hi-fi (baladinhas) em casa e brincar de salada mista. Odiava aquilo de pera-maçã-salada mista. Não tinha entrado no clima ainda. Era um peixe fora d'água. Tinha ido no meu primeiro show de rock: Kiss. No Maracanã!!! Mas isso é outra história...


O primeiro beijo à traição.


Ele era um ano e meio mais velho, era meu vizinho e meu melhor amigo. Sabia mais do que ninguém que não gostava de menino nenhum e que me sentia desconfortável com a pressão pra que "estivesse interessada por alguém". Não estava. Não ligava pra menino nenhum nessa época. E por incrível que pudesse ser... isso só me metia em confusão já que ninguém - da turminha - acreditava em mim. A gente nessa idade vive em bando, rs. Para variar era a caçula... na escola e na rua. Era um mini projeto de cdf que só fazia ler e brincar de susie escondida. Só tinha uma menina, dois anos mais nova, que brincava de boneca comigo. E ainda assim... escondidas, morríamos de vergonha de ser acusadas de "criança" pelo resto do grupo. Tempos difíceis. Tinha pavor de que os outros descobrissem que - além de tudo - tinha parado de tomar mamadeira no ano anterior. E que ainda sentia falta dela - da mamadeira.  Hoje sinto saudades de tudo, da turma, da rua e até da briga com meu ex-melhor amigo. Foi divertido apesar de tudo e rio quando me lembro do caso.
Foi assim...
Uma bela noite estávamos indo para um aniversário na casa de uma menina do grupo. Como era ali na mesma rua, pertinho, fomos a pé... conforme andávamos, íamos chamando o restante da turma. Era seguro, nossos pais não precisavam se preocupar, e olha que os celulares nem tinham sido inventados! 
O grupo foi crecendo e seguindo e o D me pediu pra gente ficar atrás... porque precisava falar comigo. Tudo bem, tudo normal. A gente conversava 24 hs por dia praticamente, assunto nunca faltou. Ele era um tipo de irmão gêmeo nascido de outra mãe pra mim... O único menino que não era um idiota completo. Os meninos de 14 e 15 anos da turma eram todos uns idiotas naquela época. Pelo menos eram para mim...
Ficamos pra trás e ele enrolando o papo, cheio de dedos e frescuras. Nunca gostei de ser enrolada. Parei e fui logo perguntando qual era o problema. Não sei o que deu nele, até hoje não sei. Do nada ele me segurou, me agarrou e lascou um beijo forçado. Um beijo à traição. Foi horrível. Ele tentou enfiar a língua (ei, que é isso? eca!) e eu mordi o bobo! Não foi nada bonito, mas só mordendo consegui sair daquela situação. Acho que machuquei ele. Espero ter machucado! Enfim, foi como consegui me livrar do beijo de judas. Ele me soltou bravo e me xingou, disse que eu era uma criancinha mimada e cheia de frescuras. Fiquei furiosa. Estava ofendida. Profundamente magoada. A sensação de ter sido traída pelo seu melhor amigo era o pior de tudo. Dei meia volta e quase corri ( pisei duro e andei rápido sem olhar para trás) para casa. Ele ficou me gritando, falando pra eu deixar de ser boba. Em casa disse algo sobre a menstruação ter chegado fora de hora e fui tomar banho. Me enrolei debaixo das cobertas da minha cama e chorei horrores.
Nunca mais nos falamos. Ele começou a dizer para todos que eu era metida, chata, enjoada e que me achava uma "princesinha", que me achava melhor que os outros. Foi triste, me sentia traída e abandonada. Cheguei a pensar em desculpar ele, pois sentia falta da sua companhia, apesar de tudo. Mas não fiz. Ele nunca veio pedir desculpas, em nenhum momento disse que tinha se arrependido. E ele sabia que eu estava magoada. Ele me conhecia melhor que qualquer um ali. Eu sabia que ele não era um idiota MAS que tinha agido como um idiota, num rompante de idiotice qualquer, por isso estava disposta a desculpar e recuperar a amizade SE ele viesse pedir desculpas. Nunca veio. O mal estar durou um bom tempo até que finalmente eles (D e a família) foram embora, mudaram de apartamento.
De alguma forma D acabou por me ensinar uma valiosa lição. Que era preciso me cuidar e que quando o assunto é meninos em fase de auto afirmação adolescente... é melhor não confiar. Aprendi que até seu melhor amigo, aquele que não era o idiota da turma, pode vir a se comportar como um idiota. E que a vida segue apesar de tudo. Só não me desiludi completamente com o sexo oposto... porque no meu coração ainda tinha a lembranças de R e do nosso amor ingênuo e lindinho. 


No próximo capítulo tem mais... e a decepção com os garotos só aumenta! Adolescência não é brinquedo não. O primeiro beijo roubado. 


Sunday, May 12, 2013

O primeiro amigo que eu perdi

Não sei por que me baixou essa melancolia, essa morbidez, mas eu me lembrei da primeira vez que eu me deparei com a perda de um amigo.
Eu tinha 17 anos e morava num condomínio cheio de gente da minha idade. Dois amigos meus foram de carro buscar um terceiro amigo que estava trabalhando, o carro bateu e dois dos meninos faleceram. Só o motorista sobreviveu.
Foi horrível, uma tragédia sem tamanho.
O Alessandro é aquele menino da história da pedrada que eu conto aqui, e uma semana antes do acidente, ele veio á minha casa, se sentou na sala comigo e com a minha mãe e disse que andava tendo umas idéias de girico, que tinha contemplado até suícidio, mas não sabia explicar o por que, já que tudo estava indo bem na vida dele.
Uma semana depois ele estava morto, num acidente onde nem ele nem os amigos foram culpados...

A outravítima vem de uma longa história de tragédias familiares. Ele nasceu com lábio leporino, coisa facil de consertar, mesmo naquela época. O irmão caçula, foi "esquecido" na incubadora e ficou cego ainda recém nascido. O Emerson faleceu nesse acidente, e o irmão que perdeu a visão, virou locutor de rádio numa cidadezinha pequena, ficou famoso, se casou e teve um moleque lindo, a quem ele deu o nome de Emerson, em homenagem ao irmão falecido.

O Emerson sobrinho, aos 7 anos teve um tumor no cérebro. e eu passei anos me perguntando por que essa mãe teve que lidar com tantas tragédias acumuladas, por que "tudo acontecia com ela"...

Post mais deprimente esse, né? Desculpem!! Mas eu acordei me lembrando da sensação que eu tive a caminho do velório dos meninos.

Eu olhava os onibus cheios de gente e pensava: tudo continua igualzinho, mas eles não existem mais! Eles nunca mais vão ver um passarinho cantar, não vão namorar, nem brigar com a mãe, eles não vão para a escola, não vão comprar o primeiro carro, não vão mais nada... mas o mundo continua exatamente como sempre foi. nada parou, nada mudou.

A única coisa que nunca mais vai ser a mesma, é a vida desses pais, que todos os dias vão lamentar a perda desses meninos....