Saturday, May 25, 2013

Blogueira convidada - Eliene

A Eliene é a instância superior (não discuto sobre fatos) do nosso convidado da semana passada , o Junior. Graças a ela que consegui que finalmente ele escrevesse o prometido post e sei lá como, acabei por entusiasmar ela com a ideia de escrever um. Disse que foi o primeiro post da vida, já que não é blogueira.  Ficou toda insegura pelo batismo de fogo, justo aqui no Gaiola. Falei que éramos loucas, mas mansas. Quer dizer, nem todas, mas... 
Sabe o que achei do post? Que mandou bem demais! Tenho muita sorte de ter essa mulher maravilha como amiga (ainda que esteja morando longe... no Missisippi agora), profissional de primeira (dentista), mãe, arteira, artista, fotógrafa sensível e amada do meu amigo. E neo escritora. Estou em campanha pra ela abrir um blog. Junte-se aos loucos bons, lindona!
Preciso dizer mais? Ah, louca o suficiente pra ser minha amiga! E amiga o suficiente para não só fazer o marido escrever o post prometido como também escrever a versão dela do "evento".
Enjoy!


O BAILE....

    E depois de ler esse relato, me resta a visão feminina da coisa!! Sim, sou a atual esposa, antiga prima da amiga da amiga!! Como as coisas mudam não?


    Bom, em primeiro lugar, gostaria de situá-los no tempo e no espaço. O que me levou àquela pequena e peculiar cidadezinha? Minha prima, considerada por mim uma irmã (já que só tenho irmãos) morava lá. Costumava passar todas as férias na casa dela. Eu, nascida e criada em BH, cidade grande, onde não podíamos sair por aí pra encontrar os amigos, achava que estar na pequena cidade onde os adolescentes iam e vinham livres pelas ruas era totalmente "o must". Como eu era? Bom, o traje habitual era bata indiana, pulseirinhas hippie no braço, sandálias tipo boneca, óculos redondinhos, cabelão gigante até a cintura.... bem, isso mesmo, eu sempre fui da turma alternativa que se reunia numa roda de viola pra tocar MPB e beber enquando o restante da turma da escola ia pras boates. Por aí dá pra ter uma ideia de como eu era literalmente um peixe fora d'água nessa sociedade burguesinha de cidade pequena. Detalhe: eu só tinha 14 anos na época.
Devidos ajustes feitos, comecemos a história do baile.......

    Estava eu de férias na casa da minha prima quando ela me convida pra ir em um debut..... quê? Debí? (é assim que se fala: coisa de brasileiro ficar criando situações pra usar palavras importadas). Era um tradicional baile de 15 anos, coisa que eu nem fazia qualquer ideia do que pudesse ser... (lembrando, meus quinze anos foram comemorados numa festa em casa, eu usando calça boca de sino e batinha indiana - para tristeza da minha mãe, sem vestido e valsa - todos os amigos presentes, tocando Raul, Janis Joplin e etc.....). Nem me passava pela cabeça o que poderia ser esse tal debut (tipo um rito de passagem nem sei de onde pra onde, mas é). Minha prima falou com a amiga que eu estava de férias em sua casa e ela prontamente me convidou também. Enfim, fui.......
    Minhas impressões sobre tudo? SOCORROOOOOOOO, que festa era aquela? 15 meninas vestidas iguais, com seus pares devidamente também iguais, aguardando no meio do salão para dar início ao "baile". De repende: narrador com voz de locutor de rádio : "Beatriz, desperte para a sociedade.....", gelo seco, luzes (detalhe: todosssss os convidados da festa reunidos em volta do salão pra ver a dança: valsa com o pai. Até aí tudo bem, aceitável dançar com o pai!.... foi então que tudo aconteceu... Meu Deus, até hoje eu tenho vontade de rir ao lembrar disso, e digo que foi tão marcante que posso ainda descrever até os detalhes ( e olha que faz tempo, não vou dizer quanto, mas faz!! rsrsr). Então me entra o pai da menina com um sapato nas mãos , enquanto no fundo do salão, vem rodando lentamente uma concha (acreditem, uma concha!! Era pra ela ser supostamente a pérola? hãaaaaa???) e de dentro dela sai nada mais do que a debutante.......... juroooooooo, foi assim. O pai veio e trocou o sapato, tirou-a pra dançar a primeira valsa e logo após me entra um garoto todo fardado com uma espadinha na cintura, e dança uma valsa com ela, ao som de gritinhos e suspiros das garotas do salão..... hã?????? isso mesmo, foi tudo que me ocorreu. Quem era esse coitado? Deus do Céu, não tem como ser pior que isso?????? Juro, só pensei que era tudo muito surreal e que se isso era um "debí".... eu preferia nunca ter conhecido o real sentido dessa palavra. 
   

Enfim, sem mais delongas, após a dança patética, a amiga da minha prima surtou querendo conhecer o garoto fardado, que obviamente não era da cidade  e ninguém o conhecia, então pediu que a mãe dela pedisse pra mãe dele pra nos apresentar (sim, eu era a prima da amiga que estava junto, lembram?). Foi quando começamos a conversar (ele já tinha tirado a roupa estranha e a espadinha, e estava com uma camisa de banda de rock, pontos positivos pra ele, quem sabe ele fosse mais normal e pertencesse mais ao meu mundo do que a esse mundo estranho de cidade pequena?). Sei que de repente a tão interessada amiga da minha prima saiu pra conversar com outros garotos amigos dela e nos deixou com ele. E minha prima fez o favor de convidá-lo pra dançar comigo no baile dela (até então eu não realizava o que era o tal baile, achei que seria uma festa comum, só que com uma valsa à meia noite) e aí ele disse que dançaria, pegou meu endereço pra nos correspondermos, afinal nenhum de nós morava na cidade e eu nem sabia se ele realmente estaria lá no dia da tal festa da minha prima. Claro que eu nunca pensei que ele fosse escrever e muito menos que eu fosse responder, mas ele era bom de papo, escrevia bem (ainda escreve, creiam!! E também é bom de papo!) e parecia interessante. 
    Nos tornamos grandes amigos, dançamos a valsa da prima juntos ,ele me fez rir mesmo eu estando com uma enorme espinha no nariz no dia da festa e com um vestido estilo de "princesa" que era tão NÃO EU , que até hoje lembro da sensação de desconforto em estar ali usando aquilo, mas o que não se faz por uma prima irmã?
 
 Enfim, ficamos mesmo amigos, cada um seguiu seu rumo, tivemos nossas conquistas e desilusões e nos apoiamos nisso tudo, sempre nos correspondendo (nunca paramos de nos escrever, desde a primeira carta: é gente, nessa época não tinha e-mail e facetime, era na cartinha mesmo!!!) . Não sei muito bem como e nem porque a amizade, muito tempo depois, deu lugar a um amor, um amor seguro e maduro, que hoje se torna cada vez maior!!! E sou gratíssima por ter estado naquele baile ridículo e ter conhecido lá o amor da minha vida, mesmo sem saber disso na época. 
Primeira vez? Bom, tiveram váaaaarias nesse relato: primeiro baile de debutantes, primeira garota saída da concha (e única espero!), primeiro militar que eu conheci e primeiro e único marido !!! Querem mais? 

7 comments:

  1. Adorei esse cross-posts auhauaau ficou super legal...
    Felicidades ao casal!

    Kisu!

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  2. Eliene, adorei sua "versão" dos fatos. Devia escrever mais. Beijos!

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  3. Ah!!... nada como uma história de amor para salvar meu dia dos "acordos de divórcio" com que eu trabalho aqui no escritório!

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  4. Ahhh, eu adoro as histórias de amor dos outros!
    E Eliene, vc escreve muito bem! Acho que poderia escrever um blog!
    beijos

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  5. Voltei pelo seguinte detalhe: Eu também adoro escrever e receber cartas e até um tempo atrás, era super comum manter o contato assim. Quando meu ex morava em outro estado e éramos apenas amigos, eu vivia escrevendo pra ele! Era muito bom até nos reencontrarmos e descobrirmos que estávamos apaixonados e ficávamos ansiosos esperando o carteiro passar com alguma novidade!
    Tempos bons aqueles...

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  6. AH!!! que fofo!!! adorei ler os dois lados da história!! E incrível como todo mundo concorda em relação à concha! "Era pra ela ser supostamente a pérola? hãaaaaa???" HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA Quando li o post do seu marido fiquei pensando: que merda é essa de sair da concha??? Acho que agora você explicou tudo! hahahahahahahahahahaha Essa cena deve ter sido ótima, tem coisas na vida que não tem preço! Eu queria muito ter visto! hahahahaha
    Acho que vc deveria fazer um blog! Estou na torcida!
    bjinhosssss

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  7. Eliene, Já escrever um blog!!!!!!

    Que delicia o seu texto.

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