Saturday, May 4, 2013

Blogueira convidada - Carulhina

Eu não me lembro como descobri o blog da "Carulhina". So sei que nunca mais deixei de aparecer la pra saber das festas, dos carnavais, das quedas na rua, dos arranhões no joelho. 

Ela fala de coisas de uma parte do Brasil que eu (infelizmente) não conheço. Dai vez ou outra eu preciso perguntar sobre qual comida/banda/lugar/pessoa ela esta falando. Eh muito divertido! Hoje ela vai nos contar sobre o comeco de sua vida amorosa... Deleitem-se!

Ira Fermion


A primeira vez que fiz uma cirurgia (e meu primeiro pedido de casamento)

Nunca vou esquecer a primeira vez em que eu fiz uma cirurgia. Primeiro quero esclarecer que não sou a Ângela Bismarck sob o pseudônimo de Carolina Diniz. Sou a Carolina e minha primeira cirurgia foi aos cinco anos. Aos 14, fiz outra, para corrigir meu estrabismo, mas essa é outra história, vamos ao foco do post.
Por ter passado muito tempo sendo a única filha, tudo o que eu fazia, minha mãe achava que era para chamar atenção. Não sei se era bem assim, não lembro. Mas o fato é que, numa belíssima manhã de domingo eu estava brincando numa rede armada na varanda da casa dos meus avós quando de repente comecei a sentir uma dor de barriga. Parei a rede e tentei não me mexer. A dor ficava mais intensa a cada minuto. Mas ficando parada, ela diminuía sensivelmente. Respirei fundo, enfrentei a dor crescente e fui até minha mãe. “Mãe, to com dor de barriga”. “Dor bem onde?”. “Na barriga”. “Dor de ir ao banheiro?”. Não dava para saber que dor era daí minha mãe, que estava amamentando a Magda que sempre foi um bezerro faminto, achou que era manha. “Fica deitadinha que passa”. Aliviou um pouco depois de deitar. Talvez tenha sido a posição, mas foi só eu levantar e tocar o peno chão para a dor voltar com o triplo da força. Eu tinha cinco anos e estava tendo uma crise de apendicite.
Programão: todos para o hospital na manhã de domingo. Às 17 horas eu já estava na mesa de cirurgia. Lembro de alguém ter colocado alguma coisa pra eu inalar. Até outro dia eu jurava que aquilo tinha sido a anestesia, mas minha mãe disse que era um “cheirinho” para eu não me mexer enquanto aplicavam a anestesia. Com essa revelação, fiquei decepcionadíssima com a medicina. Às 21 horas eu não tinha mais apêndice e ganhava uma cicatriz logo abaixo do umbigo.
Passei alguns dias na UTI pediátrica. No meu lado tinha um menino mais velho, com nove anos, que cismou que iria casar comigo quando a gente saísse do hospital. Eu só conseguia achar ele podre de chato e insistente, o que só me dava mais vontade de sair do hospital. “Carol, vou casar contigo, você vai ver!”. “Não vooooooou, eu não queeeerooo. Tu é muito chaaaaaatooooo. Briga com ele, mãe!!!”. No dia em que saí, ele piorou e teve que ser levado para o CTI. Ele estava internado com queimaduras por todo o corpo por ter brincado de matar formigas com álcool. Foi há 20 anos, ainda tenho cicatriz, horror de gente grudenta e certa angústia por não saber se ele conseguiu se recuperar.

Carolina Diniz

6 comments:

  1. Que pedido de casamento mais inesperado! hahahahahaha... e nem foi um pedido, foi mais uma ameaça! hahahahaha

    Poxa, fiquei curiosa quanto ao menininho... tomara que ele tenha se recuperado!

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  2. Tem gente que nunca foi pedida em casamento na vida! Eu por exemplo... casei duas vezes, mas nenhuma delas realmente foi com um pedido auahauhaua. Considere-se sortuda, mesmo nessas condições rs

    Kisu!

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  3. Bom, agradeço a Luana pelo convite e, sobre o guri, também super espero que ele esteja bem.

    Por causa desse texto, acabei escrevendo sobre a minha segunda cirurgia lá no blog. :D

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  4. Tadinha de você, do menino e das formigas que ele incinerava...

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