Monday, May 13, 2013

Kiss me, baby - PrimeiroS beijoS 2

Nessa época morava no Rio maravilha da beleza e do caos. Tinha  de 12 para 13 anos mas com cara (e corpo) de 15, 16... alguns achavam até que 18. E claro que não sabia lidar com isso! Apesar da capacidade intelectual e de ser toda "séria e madura pra idade" como cansei de ouvir... minha idade emocional era próxima de uns 10 anos (ou menos). Ainda era completamente apaixonada pelo meu primeiro namoradinho e ainda sonhava que iríamos nos reencontrar como naqueles filmes da sessão da tarde. Para contextualizar a época, vivia o início dos anos oitenta, o rock nacional explodia com Kid Abelha, Paralamas e Blitz. Michael Jackson era preto e tinha acabado de lançar seu primeiro disco solo, Billie Jean tocava sem parar nas rádios. A moda entre os adolescentes era fazer hi-fi (baladinhas) em casa e brincar de salada mista. Odiava aquilo de pera-maçã-salada mista. Não tinha entrado no clima ainda. Era um peixe fora d'água. Tinha ido no meu primeiro show de rock: Kiss. No Maracanã!!! Mas isso é outra história...


O primeiro beijo à traição.


Ele era um ano e meio mais velho, era meu vizinho e meu melhor amigo. Sabia mais do que ninguém que não gostava de menino nenhum e que me sentia desconfortável com a pressão pra que "estivesse interessada por alguém". Não estava. Não ligava pra menino nenhum nessa época. E por incrível que pudesse ser... isso só me metia em confusão já que ninguém - da turminha - acreditava em mim. A gente nessa idade vive em bando, rs. Para variar era a caçula... na escola e na rua. Era um mini projeto de cdf que só fazia ler e brincar de susie escondida. Só tinha uma menina, dois anos mais nova, que brincava de boneca comigo. E ainda assim... escondidas, morríamos de vergonha de ser acusadas de "criança" pelo resto do grupo. Tempos difíceis. Tinha pavor de que os outros descobrissem que - além de tudo - tinha parado de tomar mamadeira no ano anterior. E que ainda sentia falta dela - da mamadeira.  Hoje sinto saudades de tudo, da turma, da rua e até da briga com meu ex-melhor amigo. Foi divertido apesar de tudo e rio quando me lembro do caso.
Foi assim...
Uma bela noite estávamos indo para um aniversário na casa de uma menina do grupo. Como era ali na mesma rua, pertinho, fomos a pé... conforme andávamos, íamos chamando o restante da turma. Era seguro, nossos pais não precisavam se preocupar, e olha que os celulares nem tinham sido inventados! 
O grupo foi crecendo e seguindo e o D me pediu pra gente ficar atrás... porque precisava falar comigo. Tudo bem, tudo normal. A gente conversava 24 hs por dia praticamente, assunto nunca faltou. Ele era um tipo de irmão gêmeo nascido de outra mãe pra mim... O único menino que não era um idiota completo. Os meninos de 14 e 15 anos da turma eram todos uns idiotas naquela época. Pelo menos eram para mim...
Ficamos pra trás e ele enrolando o papo, cheio de dedos e frescuras. Nunca gostei de ser enrolada. Parei e fui logo perguntando qual era o problema. Não sei o que deu nele, até hoje não sei. Do nada ele me segurou, me agarrou e lascou um beijo forçado. Um beijo à traição. Foi horrível. Ele tentou enfiar a língua (ei, que é isso? eca!) e eu mordi o bobo! Não foi nada bonito, mas só mordendo consegui sair daquela situação. Acho que machuquei ele. Espero ter machucado! Enfim, foi como consegui me livrar do beijo de judas. Ele me soltou bravo e me xingou, disse que eu era uma criancinha mimada e cheia de frescuras. Fiquei furiosa. Estava ofendida. Profundamente magoada. A sensação de ter sido traída pelo seu melhor amigo era o pior de tudo. Dei meia volta e quase corri ( pisei duro e andei rápido sem olhar para trás) para casa. Ele ficou me gritando, falando pra eu deixar de ser boba. Em casa disse algo sobre a menstruação ter chegado fora de hora e fui tomar banho. Me enrolei debaixo das cobertas da minha cama e chorei horrores.
Nunca mais nos falamos. Ele começou a dizer para todos que eu era metida, chata, enjoada e que me achava uma "princesinha", que me achava melhor que os outros. Foi triste, me sentia traída e abandonada. Cheguei a pensar em desculpar ele, pois sentia falta da sua companhia, apesar de tudo. Mas não fiz. Ele nunca veio pedir desculpas, em nenhum momento disse que tinha se arrependido. E ele sabia que eu estava magoada. Ele me conhecia melhor que qualquer um ali. Eu sabia que ele não era um idiota MAS que tinha agido como um idiota, num rompante de idiotice qualquer, por isso estava disposta a desculpar e recuperar a amizade SE ele viesse pedir desculpas. Nunca veio. O mal estar durou um bom tempo até que finalmente eles (D e a família) foram embora, mudaram de apartamento.
De alguma forma D acabou por me ensinar uma valiosa lição. Que era preciso me cuidar e que quando o assunto é meninos em fase de auto afirmação adolescente... é melhor não confiar. Aprendi que até seu melhor amigo, aquele que não era o idiota da turma, pode vir a se comportar como um idiota. E que a vida segue apesar de tudo. Só não me desiludi completamente com o sexo oposto... porque no meu coração ainda tinha a lembranças de R e do nosso amor ingênuo e lindinho. 


No próximo capítulo tem mais... e a decepção com os garotos só aumenta! Adolescência não é brinquedo não. O primeiro beijo roubado. 


3 comments:

  1. Fiquei sentindo dor na minha lingua... rsrsrsrs...
    Acho que eu era meio frouxa porque quando me roubavam um beijo eu não fazia desfeita..hahahahahaha

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  2. Ninguém nunca queria me roubar beijos e o único que quis eu não deixei...
    x-(

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  3. Ninguém nunca tentou me roubar um beijo. Não sei como é na prática, mas na adolescecia tem um ar tão romântico...
    A gente cresce e se algum homem tenta roubar um beijo meu, eu faço um escândalo! Se possível, vou morder também que nem você!

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