Saturday, March 2, 2013

A primeira vez que eu enfiei a mão na cara de alguém - por Renata - blogueira convidada

Queridos leitores, hoje a nossa convidada é a Renata, do Lonesome Pumpkin, amiga minha desde criancinha (apesar de ter gente que duvida que um dia esse ser foi uma criança fofinha), que foi quem me inspirou a começar um blog.

Porque apesar de mal humorada e briguenta (essa face dela nem eu conhecia) ela escreve muito bem.

Além disso ela faz uma maionese muito boa, e uma vez por ano eu vou na casa dela comer (afinal eu moro longe agora).

Espero que gostem do texto.

bjkssss

Miss Bellum



Primeira e única, por sinal. Uma pena.

Era segundo colegial (oi, sou idosa, vivi no tempo do “colegial”) e estava eu no alto dos meus dezesseis anos. Ah, a adolescência. A calmaria. A tranqüilidade. A falta de preocupações.... que nunca pertenceram a esse ser que vos escreve, nem quando era mais nova.

Naquele dia eu precisava entregar um trabalho que nem lembro qual matéria era. Lembro que era um trabalho chato, meio que feito por obrigação, mas nem por isso feito nas coxas. Lembro que era em grupo e, que novidade, eu nunca me dei bem em trabalhos em grupos. Porque né, a coisa nunca muda: um grupo sempre é composto de um idiota cdf (existe essa expressão ainda, gente?) que faz o trabalho todo e de mais meia dúzia de neguinhos que só coloca o nome. E adivinha: eu sempre fui a idiota cdf. Por vontade própria mesmo, sabe? Eu nunca consegui ser desse tipo que vai deixando o tempo passar e não dá as caras no assunto do trabalho até que alguém se incomode e resolva fazer tudo sozinho. Eu sempre fui a pessoa que se incomoda e MEU DEUS, NINGUÉM FEZ NADA AINDA, TEM QUE ENTREGAR AMANHÃ. Daí eu fazia. E mesmo no segundo colegial, ano em que as pessoas tinham a mamata de deixar tudo pra lá e esperar o mundo acabar encostados em um barranco... eu fazia os trabalhos e botava o nome dos folgados que tiravam 10 às minhas custas.

Márcia. Márcia era uma das integrantes do meu grupo, uma morena alta que passava Kolene no cabelo pixaim toda manhã. Mas naquela época eu ainda nem sabia o que era Kolene. Márcia formava o trio do meu grupo, junto com a Juliana. A única ruiva que eu conheci na vida e fiquei propositalmente amiga dela só porque ela era ruiva. Juliana hoje é doutora em sei lá o que voltado para cirurgia cardíaca. Ela sempre quis ser isso na vida. E eu sempre escolhi minhas amizades (de acordo com a inteligência das pessoas) certeiramente.

Márcia não era minha amiga. Mesmo porque eu tenho certo preconceito com esse nome (tem alguma Márcia aqui?). Ainda bem que Márcia é um nome que caiu em desuso. Sei lá, um nome meio fubango. Mas enfim. Márcia não era minha amiga, era só agregada do elo de amizade que eu fiz com a Juliana. Sei lá que inferno que fez a Márcia participar de nossos intervalos. Deve ter sido a necessidade de fazer qualquer amizade pra nos sentirmos menos sozinhas porque havíamos acabado de mudar de escola já que a anterior só tinha até a oitava série (eu disse, sou antiga). Mas ta.

Eu fiz o trabalho, que me deu realmente um trabalhão para executá-lo. Na época em que os computadores pifavam e as impressoras acabavam a tinta e davam tilt cinco minutos antes do portão da escola fechar. Não foi fácil não. Cheguei esbaforida, no último minuto, com o trabalho na mão e a esperança de dar tempo de chegar dentro da sala antes do professor (porque naquela época eles fechavam a porta e ninguém mais entrava – ainda é assim hoje, será?). Mas cheguei. A tempo. E tudo deu certo naquele trabalho que eu fiz sozinha e botei o nome das duas como de costume. Ou quase tudo.

Márcia olhou para o trabalho nas minhas mãos com desdém e comentou alguma frase que eu nem lembro agora, tamanha foi a minha ira no momento que apagou da minha memória o fato para sempre. Era algo do tipo “nossa, achei que o trabalho não ia sair pra hoje”. Algo relacionado entre o trabalho e a minha execução do mesmo e o tempo que eu demorei pra chegar na aula aquele dia, sabe? Pois bem.

Márcia era uma morena alta (já falei do Kolene?) quase do meu tamanho. Talvez bem do meu tamanho. Sei que isso só facilitou o meu ato no momento. Porque a frase com desdém dela era só a gota d’água para o meu dia que mal tinha começado mas que eu não deveria ter saído da cama. Ah, a vida adolescente.

Eu não pensei duas vezes ao enfiar a minha mão na cara dela (argumentando algo bem propício de resposta à frase dela – e claro que eu não lembro mais o que foi que eu disse). Não lembro, porque naquele momento o que quer que eu tivesse dito seria abafado pelo meu ato e meu olhar para a face morena da Márcia. Agora com o formato certinho de minha palma da mão e meus cinco dedos.

Eu não sei qual era a novela das oito do momento, mas foi bem uma cena de novela. Eu enfiando a mão na cara da Márcia. Ela, com a cara sendo levada para o lado respectivamente no mesmo ritmo da minha mão. O cabelo com Kolene se agitando. E Juliana, bem mais baixa que nós, saindo de fininho entre nossas pernas para que nada sobrasse pra ela.

Ah, a Márcia. Nunca mais esqueci dela. Ou melhor: nunca mais esqueci do formato da minha mão na cara dela (porque se eu a vir na rua vou achar que nunca a vi mais gorda). Márcia continuou minha cena de novela e saiu com as mãos no rosto chorando desesperadamente corredor com paredes verdes da escola afora. Saudades daquela escola. Saudades do formato da minha mão na cara da Márcia.

Saudades de enfiar a mão na cara de alguém.

10 comments:

  1. Puxa, queria ter feito isso com os folgados que punham o nome nos meus trabalhos! Por que eu era a CDF perfeita.
    abs
    Jussara

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  2. Kolene???ahahahahahaha,tô chorando de rir até agora,ameeeei!!! E o tabefão foi merecido!

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  3. Renata, minha inspiração! HAHAHAHA
    Porque eu já virei a mão na cara de alguém (mais de uma vez), mas foi muito mais de brincadeira do que pra valer. Na sétima série eu e meus amigos estávamos numas de brincar de mão e tudo era motivo pra alguém levar uma bifa na cara. Nada se compara à sensação da mão caber certinho na cara da pessoa, o estalo do tapa, a marca que fica. Mesmo de brincadeira, é ótimo!

    Mas eu ainda quero dar um tapa de verdade.

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  4. Ainda bem que não me chamo Márcia rs....

    Kisu!

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  5. Santinhas cagonas nunca enfiam a mão na cara de ninguém: passam raiva eternamente e jamais se insurgem dessa maneira. De forma que admiro muitíssimo a Renata!

    OBS: conheci uma Márcia que também levou uma mãozada nas fuças, pq ficava ameaçando as pessoas. Um dia encontrou uma Bia valente que lhe ensinou uma lição!

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  6. Nao sei o que eh Kolene... E alem de dar um tapa na garota, devia ter tirado o nome dela no trabalho. Eu tambem sempre fui a CDF da turma, mas nao colocava o nome de nenhum tonto nele...

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  7. Acabei de lembrar de uma Márcia que também tomou uma lapada na cara... eu não gostava dela... e ela tomou esse tabefe na minha frente!!! hahahahahahahahaha Ai que delícia ter boas recordações do colégio... eita tapa bem dado! kkkkkkkkkkkkkkkkk
    Essa é minha amiga Renata. Um anjo de candura!

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  8. Geeeeeenteeeeee!
    Eu nunca virei a mão na cara de ninguém e na época da escola já fui muito explorada por sempre fazer os trabalhinhos.
    Eu vivo de fama mesmo!!!
    Essse povo daqui é muito violento. Uma briga na rua.... a outra mete a mão na cara! Que MEDO!!! O.O

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