Thursday, March 21, 2013

A primeira montaria

Eu sempre gostei de cavalos. Talvez não tanto como a Ira, mas eu sempre gostei.

Quando eu era criança lembro que meu pai trazia pra casa alguns desenhos que ele fazia de cavalos enquanto estava no serviço (é... acho que ele ficava matando o tempo e desenhando) e eu achava lindo. Ele desenhava muito bem. Era a segunda melhor coisa que ele fazia. A primeira melhor coisa que ele fez fui EU! Obviamente! E fora isso mais nada que ele fazia prestava... (assunto pra outro post)

Foi dai que minha veia artística começou a ficar cada vez mais "pulsante" (até que morreu). Eu comecei a desenhar e até que os desenhos não saiam ruins não! comecei com os cavalos, depois com rosto de pessoas, depois com paisagens... depois virei engenheira! =P

Mas a admiração e o gosto pelos cavalos não sumiu. Sempre tive loucura para aprender a andar a cavalo... sair por ai correndo com os cabelos (escovados) ao vento... sentir toda aquela liberdade e a ligação com a natureza (mas sem mosquitos, porrrr favorrr!!!)... visualizou né?

Super lindo e super fácil...

Só que tinha um problema: Eu morava em SP. Na verdade o problema maior é que eu era pobre mesmo. Aulas de equitação eram caras e eu não tinha condições de fazer. Dai mudei pra Campinas (salve!) pra fazer faculdade, comecei a me sentir mais perto da natureza, afinal eu estava no interiorrrr... (nada a ver).

Resumindo a história, eu arrumei um namorado na faculdade que era de MG e os pais tinham um sítio. E um dia fui passear por lá. Cheguei toda contente achando que ia ter um cavalinho ali pra eu montar, mas não. Não tinha cavalo no sítio. Só tinham vacas e bois (nenhuma referência ao ex... por favor... hehehe). E eu não ia montar um boi (não curto rodeio). Decepção total. Até que chegou um amigo da família, montado em sua eguinha de estimação. Meu olhos brilharam. Eu fiquei orbitando a égua feito mosca... olhava pra ela, olhava pra ele... olhava pra ela, olhava pra ele... Até que o infeliz teve a atitude de pedir pro amigo da família deixar eu dar um voltinha na "Genoveva" (esse não era o nome dela, eu nem lembro se ela tinha um nome, mas pra mim, ficou esse!). O velhinho deixou e eu quase dei um beijo na careca dele (tudo bem, eu também não lembro se o velho era careca, mas tanto faz).

Como eu achei que seria...

Fui lá, coloquei minha calça jeans, meu tênis e fui toda feliz e contente montar Genoveva. Mas antes, é claro, eu precisava de umas instruções pra saber "dirigir" um cavalo. Afinal, nunca tinha guiado um sozinha. E essas foram as instruções passadas, quando eu já estava em cima de Genoveva:

"Puxa pra direita, ela vai pra direita... Puxa pra esquerda, ela vai pra esquerda... Puxa pra trás que ela para... E não grita porque ela não vai entender"

E foi assim que, no altos dos meus 22 anos, sai bravamente para viver a minha aventura de quase meia hora andando a cavalo, sozinha, com cabelos ao vento (sem escova) pelas ruelas de terra do interior de Minas Gerais. Foi muito legal! Genoveva era valente e forte, ela corria e me deixava com medo de levar um tombo, porque ela era meio alta, e não muito obediente, porque eu puxava pra esquerda com medo de ralar minhas pernas no arame farpado das cercas e ela parecia faze de propósito, e não ia para o lado certo.

Gostaria de dizer que foi simples e que quando eu puxava pra trás ela parava, que não precisei e nem tive vontade de gritar nem nada.. mas não foi assim que aconteceu. Realmente ela não entendeu quando eu gritei pra ela parar, talvez os jagunços dos sítios vizinhos tenham entendido, mas Genoveva não. E ela deu uma carreira e eu achei que ia cair e ficar paraplégica pro resto da vida. A aventura realmente foi ao nível máximo! E quando Genoveva resolveu parar (por conta própria) eu tentei "dirigir" a bonitona de volta pro sítio na maior calma possível, porque assim como a Electra ficou feliz por descer a ladeira intacta, eu também fiquei feliz de ter sobrevivido à disparada de Genoveva. E juro que não queria passar por aquilo de novo.

Mas foi assim...

Enfim consegui chegar no sítio ainda com vida, branca de susto e com a parte de dentro das coxas roxas (que eu ia perceber apenas mais tarde). Mas foi a melhor (e única) montaria solo que eu tive... eu e Genoveva, Genoveva e eu... duas desbravadoras das estradas...

Obrigada Genoveva, por ter me assustado tanto e ao mesmo tempo ter me deixado tão feliz!


6 comments:

  1. Rssssss...Imagino as cenas! Muito legal! beijos,chica

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    1. Saudades de Genoveva...hehehehe Depois montei outros cavalos (não muitos) mas todos eles eram aqueles de passeio que já sabiam o caminho de cor e salteado e eu não guiava nada... =)

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  2. "E não grita porque ela não vai entender" ou seja, o tio careca notou de cara que você nunca tinha subido num cavalo... hahaha
    Pensa bem, pelo menos você não caiu! =)
    E andar a cavalo eh maravilhoso!

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    1. As instruções foram dadas pelo ex... que sabia que eu ia gritar... rsrsrsrsr
      Mas foi muitooo bom!

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  3. Não sei quem é mais louca aqui!?!
    Foi subindo no cavalo sozinha e dando volta por aí sem saber nadaaaaaaaaaaa?
    Caraca! O tio velho careca é um irresponsável, pq ele tinha que ter noção do perigo. Aff.
    Adoro andar de cavalo, já passei por umas boas (e até caí de um... só cai quem monta #fato). É bom demais, mas... não é qualquer cavalo que aceita novata. Que perigo!
    Ainda bem que sobreviveu e gostou (e não ficou com medo). Caso contrário não estaria aqui nem teria coragem de pular da laje ontem! <3 <3 <3

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  4. Eu já andei de cavalo algumas vezes, mas como nunca foi uma paixão ou desejo, não lembro a minha primeira vez nem nada. Acho que a idéia de domar uma bicicleta sempre me atiçou mais do que um cavalo!
    No mais, eu fiquei assustada só de ler!
    Acho que andar de cavalo com crianças é uma grande responsabilidade, ainda mais, porque como foi dito, ele pode não aceitar bem e reagir. Seria uma queda perigosa. Que bom que nada te aconteceu!!!
    Que medo!!! O.O

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