Friday, January 18, 2013

Historia de uma batata - Cristina - blogueira convidada

A Cris tem um blog muito divertido. Ela jura que eh psicótica, eu ja acho que ela eh engraçada e inteligente. Ta ai a contribuição dela pro blog, pra vocês julgarem.

Também vale uma visitinha ao blog pessoal dela, que embora seja cor de rosa (judging extra hard) eh muito bom! 

Com vocês, a historia da batata!

Ira Fermion


Tudo começou em 1984. Eu tinha 6 anos de idade.

Em um belo dia de sol (parte meramente ilustrativa, não me lembro como estava o tempo) eu e meus 5000 primos brincávamos alegremente no quintal da casa de vovó. Sim, são muitos primos e primas. E para que vovó não ficasse louca, existiam algumas regras a serem seguidas.

Regras:

Não brigar, não correr, não subir em árvores, não fazer maldade com os cachorros, gatos, papagaios, galinhas, não subir em muros, não atravessar a rua correndo, dividir seus brinquedos com os outros, não mexer com os vizinhos, não entrar sujo dentro de casa, não, não e não abrir a portinha de aço do fundo do quintal.

Eu não sei se isso acontece com vocês, mas toda vez que alguém me fala não eu faço e quando alguém me fala sim eu perco a vontade de fazer. Deve ser genético isso, pois com meus primos também acontecia a mesma coisa.

Eu já apanhei muito dos primos, já bati bastante. Levei mordida de cachorro, arranhão de gato, bicada de papagaio, bicada de galinha, já despenquei de ponte (os primos da frente não me avisaram que não podia pisar em uma “talbinha” da ponte e eu cai no rio), já incendiei um primo brincando de fogueira, mas nunca, nunca mexi na tal portinha do fundo do quintal. Nunca mexi, pois toda vez que fizemos alguma tentativa para isso e éramos descobertos, minha avó gritava: Tem monstro aí dentro! Na verdade nunca achamos a chave do cadeado e nunca conseguimos estourar o cadeado. Mas ela sempre gritava: Tem monstro aí dentro!

Nesse belo dia de sol, estávamos todos brincando no quintal, quando uma das primas mais velhas gritou: Vai passar o filme do Michael Jackson. Quem? Eu era apenas uma menina de 6 anos, a caçula dos 5000 primos e só sabia cantar músicas da Chiquititas. Porém, como todos saíram correndo para a sala, e lá fui eu atrás.

Todos sentadinhos, e começa o filme que na verdade era um clipe chamado Thriller. Como caçula, tive que sentar no chão. E ai começa meu sofrimento.

Tudo indo bem, musica legal, até que o tal do Michael resolver virar lobisomem. Eu não caguei, pois o furico estava tão preso, mas tão preso que não passava nem agulha. E eu não podia demonstrar medo, pois caso contrário, os mais velhos iriam rir da minha pessoa. Depois aparece um cemitério, e ai tem zumbis saindo das covas, e ai eles dançam e ai não teve jeito, eu borrei a calcinha. Que desespero. Mas eu não podia falar nada.

Quando terminou o clipe, eu não conseguia me movimentar. Minhas pernas tremiam, minhas mãos estavam geladas, e tinha o fator calcinha. Fiquei lá imóvel, sozinha, paralisada. Até que apareceu a avó e gritou: Olha a bagunça que vocês fizeram, some daqui menina antes que a cinta cante nas suas pernas. Sim sou do tempo em que cintas cantavam nas pernas das crianças e isso não as tornavam adolescentes delinqüentes e nem as mães corriam o risco de serem presas. Corri para o quintal.

Depois de um tempo, meio que brincando fazendo de conta que estava tudo bem, um dos primos resolve dizer: Batata você está cheirando merda. Gelei. Vieram todos os 5000 primos correndo para cima de mim e constataram que eu havia feito merda literalmente. Riram, rolaram no chão, tripudiaram com a minha pequena pessoa (mentira essa parte da pequena pessoa, eu tinha apenas 6 anos, mas era gorda igual a uma bola de basquete, por isso o apelido de batata).

Caçula merece ajuda? Não! Caçula é o ser mais judiado da face da Terra. Em vez de eles me ajudarem, chamarem à avó, as tias, a mãe, o bombeiro, tiveram a brilhante idéia de me trancarem dentro de um guarda roupas velho, em um quartinho que tinha no fundo do quintal, bem ao lado daquela portinha intocável onde existiam monstros.

Fiquei lá, por um bom tempo, trancada no escuro, cagada, e lembrando-me de todos os monstros e da portinha. Vi lobisomem, zumbi, monstro do lago Ness, fantasmas e até já havia conhecido a Samara e a Bruxa de Blair. Não sei como não morri de medo e sufocada.

Só sei que até hoje, minha gente, com 34 anos de idade, eu nunca, nunca, nunquinha assisti a um filme de terror tamanho o medo que meus 5000 primos me fizeram eu sentir naquela bela tarde na casa da avó.

Se alguém tiver a curiosidade de saber como consegui sair de lá, minha mãe sentiu minha falta na hora de ir embora, ai alguém resolveu contar que eu estava presa, cagada e assada.

Se alguém pensa que ela foi à criatura mais doce do mundo frente a minha situação, enganam-se. Apanhei por ter cagado nas calças e por ter deixado os 5000 primos judiarem de mim. Mamãe disse: Você é uma menina ou um saco de batatas?

Aos prantos respondi: Sou uma Batata, lembra mãe? Eles me chamam de Batata.

Prazer: Sou Cristina, a psicótica! Acho que tenho um bom motivo para ser assim.

P.S: O que era aquela portinha? Anos mais tarde descobri que era apenas uma passagem para o quintal do vizinho.

26 comments:

  1. Cristina, eu to rolando de rir da saga. Ainda bem que vc também deve ser do tempo em que as pessoas nao transformavam tuuudo em "bullying".

    E o vizinho? Era memso um monstro?

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    1. hahahaha hoje eu rolo de rir, mas chorei por muito tempo!!!! Menina, caçula sofria muito, mas naquela época nada era Bullying.

      O vizinho... sabe que não me lembro da cara dele hahahahahahaha

      Bêjo da Cris

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  2. Cristina, kkkkk! Hoje foi seu dia no blog e aqui na gaiola. Valeu!
    Beijos
    Manoel

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    1. Obrigada Manoel!!!

      Hoje foi meu dia!!! haha

      Bêjo da Cris

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    2. Neanderthal, Não entendi o óbvio. A hora que eu entender eu respondo tá!?

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  3. Ufa! Entrei no blog mais cedo e nada de post. Pensei que a Rainha de Copas já tinha ordenado aos seus súditos que apagassem o post de hoje...

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    1. Quando entrei nos rascunhos de hoje, morrí de rir com os recados dizendo que os textos não são meus, para eu não mexer! haha

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  4. AUhauahuaha eu entendo esse drama. Vi uma amiguinha de escola passar pela mesma situação e eu era uma das que ri auhauahauaua

    Kisu!

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    1. Pois é... eu também já fui uma das que riu... Mesmo já tendo acontecido comigo eu ria de ódio de lembrar o povo rindo de mim. Afinal um dia é da pedra e o outro é da vidraça.

      Bêjo da Cris

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  5. Meu Deus,como os caçulas sofrem..mas na minha casa eu era a mais velha e tb sofria "bullying": teve um dia em que meus irmãos pestinhas me trancaram no quartinho da empregada com um vidro cheio de baratas vivas(que eles caçaram sabe-se lá em que antro na vizinhança),abriram a tampa e jogaram os bichos lá dentro comigo..não preciso nem dizer que meus gritos de horror e desespero(tenho até hoje um nojo misturado com verdadeiro PAVOR de baratas) fizeram vir o zelador do prédio e mais alguns vizinhos apavorados-arrombaram a porta,inclusive-achando que o Freddy Kruger em pessoa estava lá no nosso apê..

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    1. Madi querida, caçula sofre pra caramba. Eu sofri em casa e com os primos. Afff pior castigo. Quem fala que caçula é o mais mimado deve morar em outro planeta!

      hahahahahaha Freddy Kruger eu não conheci aquele dia dentro do Armário, mas a Samara com certeza!

      Bêjo da Cris

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  6. Olha, eu ja passei por coisas muito constrangedoras, mas me cagar toda? isso ainda não aconteceu... haha

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  7. Eu quando era criança achava que durante a noite morava um lobisomem no fundo do corredor. Eu não levantava da cama para nada, nem para ir ao banheiro. Ficava lá, morrendo de vontade mas não levantava de jeito nenhum.

    Bjs.
    Elvira

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    1. É Elvira eu tb tinha esse medo, mas eu achava que tinha um leão no corredor, não saia da cama por nada.
      Preferia apanhar no outro dia por ter feito xixi na cama do que levantar e ver o leão.

      Bêjo da Cris

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  8. Quando eu era criança, morria de medo da cuca do sítio de pica-pau amarelo. Na minha época ela era muito má!
    Como eu tinha mania de escalar o telhado colonial da casa da minha avó para brincar, minha mãe disse que o sótão dela era a casa da cuca. Que se eu fosse lá, ela iria me pegar!
    O resultado é que eu não saia nem no quintal sozinha com medo da cuca sair e me pegar. Tinha pavor até de olhar na direção do telhado! Deu trabalho para desfazer o meu medo depois...
    Poiszé, eu morria de medo da cuca!

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    1. Também tinha medo da CUCA!
      Bons tempos em que os nossos maiores medos eram a Cuca do Sítio do Pica-pau amarelo e do homem do saco.
      Batata, não liga não... tem de tudo nesse blog, uma convidada que faz nas calças é coisa pouca. Ótimo post.

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    2. Obrigada Ge! Realmente aqui tem de tudo. Me sinto até normal. hahahaha

      Bêjo da Cris

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  9. Pessoal muito obrigada pela oportunidade de contar essa história. Minha terapeuta à ouviu por anos hahahahaha

    Lu, obrigada pelo carinho e pelo convite. Querendo saber de presepadas pode me chamar!

    Bêjo da Cris

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    1. Nós que agradecemos pela sua participação, que foi muito divertida (e mal cheirosa..hahahahhahaha)!!!

      bjokssssssssssss

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  10. Eu li o post na sexta, pelo Reader, mas quando vim no blog, o post não estava. Ontem "me passei"...
    Ser uma Batata cagada, assada e apanhada, ninguém merece!!! Mas rendeu boas risadas, foi por uma boa causa!!! ;)

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  11. hahhahahahahahahahahahahaha
    O texto é muito engraçado!!! hahahahahahaha
    Tudo bem, eu fiquei morrendo de dó da Batatinha presa, cagada, assada e com medo... confesso!!!
    Criança é uma desgraça. Criança pensa em tudo de malvado que dá pra fazer, e faz!
    Depois que você cresceu num rolou nenhuma vingança tipo "A revolta da Batata Assada?" ehehehhehe
    bjkssssss

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  12. Nossa que divertido, vou ate da uma passadinha la no seu blog. bjs
    http://rackneves.blogspot.com.br/

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  13. Rs..

    Suas histórias provocam crises de risos em mim..

    Cagada foi ápice!

    Beijos...

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