Alguns limites não devem podem ser
transpostos, como o rio São Francisco. Desde o tempo de dom Pedro I
tentam, falam, planejam... e nada feito. Certos limites deveriam ser
assim, pensa Electra. Como por exemplo, nas relações pessoais. Ou nas
relações pessoa-bichinho de estimação. Mas sempre tem um ousado pronto
pra bancar o descobridor dos sete mares e ir além.
Coelho Branco de Electra não tem noção.
Antes
que perguntem, explico: Coelho Branco de Electra não é parente do
Pernalonga, mas adora uma piadinha infame e uma brincadeira arriscada.
Coelho Branco de Electra é um abusado, só porque pensa ser o preferido. O
fato é que seu companheiro de batalha é o preferido e sabe disso. Isso gera problemas, intimidade demais acaba gerando problemas. Apesar de ser a maior fonte de carinho e estabilidade na vida de idas e vindas, vais e
voltas de Electra, de vez em quando ele passa perto de ser assado vivo. Ah, como ele usa e abusa das suas prerrogativas coelhísticas... Sabe que ela
não resiste ao seus olhos vermelhos, seu pelo macio, sua orelha
grande...
Coelho Branco se acha.
Electra
e seu mascote estão curtindo uns dias a sós, coisa rara. Coisa boa. Os
dias se sucediam em alegres coelhadas e passeios pela relva. Dias de
verão, de sol, noites de festa. Por alguns instantes ela chegou a pensar
que a vida era bela. O doce idílio terminou naquela manhã ao ir ao
banheiro da suíte do bangalô e encontrar aquilo. Aquilo lá estava no
chão, atirado displicentemente entre a pia e um vaso de algum tipo de
palmeira tropical. Aquilo era um cueca - usada - do Coelho Branco.
Coelho Branco tem tendências suicidas.
Pensando
se tratar de um engano, de uma miragem causada pelo vinho da noite
anterior (caiu mal, deu uma baita ressaca dor de cabeça... enfim) ou de tratar-se de um pesadelo
acordada, Electra entrou no chuveiro e resolveu ignorar aquilo. São
tantos anos de bons serviços prestados, pensou nossa heroína. Uma cueca
esquecida no chão não há de abalar seu bom humor. Electra andava muito
bem desde que tinha se inscrito - volutoriosamente* - num curso de
controle da raiva. Os bombeiros da cidade andavam até pensando em tirar
férias, devio ao declínio acentuado do número de emergências. Não seria
uma reles cueca de Coelho Branco que iria colocar em risco todo seu
esforço. Aquilo deveria ser um teste, chegou por fim a essa conclusão.
Coelho Branco gosta de flertar com o perigo.
Tá
certo que apesar do alto grau de fofura o coelho não é exatamente
assim... um animal totalmente domesticável. Há algo de irresistível nas
campinas verdejantes que não se deixam civilizar completamente. Algo
irresitivelmente doce. Electra conhecia a mágica de tirar o coelho da
cartola como poucas. Aliás ela gostava dele pelado pelado nu com a mão no bolso au naturel, só com a cartola
pra dar um toque de charme, algo meio dandi. Coelho Branco de cartola fazia ela
sorrir e por isso ela o mimava.
Coelho Branco é manhooooooso.
Os
dias se seguiram e aquilo AQUILO continou ali, no chão azulejado do banheiro.
Como quem não quer nada ela observava Coelho Branco lavando as outras
peças de roupa. Porque não aquela? Como numa aula de yoga deixava o
pensamento passar e o descartava. Electra não irir estragar o paraíso
por conta de alguns centímetros de algodão jogados no piso frio. Não
mesmo! Se aquilo era um teste ela passaria com louvor, decidiu. Coelho
também não falava sobre aquilo e fingia que não via o problema. E assim a
brincadeira de faz de conta que não estou vendo a cueca prosseguiu.
Coelho Branco é jogador de truco.
Por debaixo do sorriso Electra se remoía. Em qualquer outra ocasião aquilo lá já teria sido resolvido em meio a discursos feministas, gritos e algum tipo de desafio que envolvesse o tatame. Da última vez deixaram o tatame de lado e escolheram floretes. Tudo devidamente seguido de desculpas de ambas as partes e beijos mil, porque o melhor de qualquer briga é fazer as pazes. O que enlouquecia Electra era o absurdo de continuar vendo aquilo no chão diariamente. O que coelhinho pensava? O que queria? Briga? Confusão? O início de um hecatombe nuclear? Seu desterro imediato para o lixão dos brinquedos usados e abandonados?
Coelho Branco é louco.
No quinto dia Electra decidiu. Aquilo teria fim. Nada mais de cueca no chão. Mas dessa vez ela pegaria o Coelho Branco de surpresa. Nada de briga, nada de queda de braço, nada de discussão. Fez a única coisa que ele jamais esperaria dela, em toda sua vida. Pegou e lavou, muito bem lavada, diga-se de passagem, aquela coisa. No melhor estilo Amélia que era mulher de verdade... Até passou a ferro e usou água perfumada! Sorria enquanto relatava o fato à sua terapeuta. Quem sabe assim se livrava daquelas sessões sem fim? Esperava com ansiedade a chegada do seu fofo, queria ver a reação dele.
Coelho Branco sorria de orelha a orelha.
Sim, Coelhinho estava feliz e saltitante, parecia que a páscoa havia chegado mais cedo. Os olhos vermelhos brilhavam como se tivesse vencido sozinho a Guerra dos Tronos. A cueca bem lavada, passadae engomada era só o princípio daquela noite. Nem acreditou quando além do caprichado jantar com
direito a bolo de chocolate de sobremesa ganhou de Electra uma massagem
no pelo. Coelho Branco adorava massagens. Aquela então, sabia nossa
heroína entraria para os anais da história. Havia comprado um creme
especialmente para o grande evento. Nunca antes havia sido tão delicada,
portava-se como uma gueisha, sem pressa alguma. Não houve economia ou
pãoduragem alguma, gastou um tubo inteiro de Veet no seu querido...
Coelho Branco perdeu a fala, dentre outras coisas.
* voluntoriosamente - algo em que a pessoa vai pq foi obrigatoriamente forçada a ser voluntária, sabe como é?
Por debaixo do sorriso Electra se remoía. Em qualquer outra ocasião aquilo lá já teria sido resolvido em meio a discursos feministas, gritos e algum tipo de desafio que envolvesse o tatame. Da última vez deixaram o tatame de lado e escolheram floretes. Tudo devidamente seguido de desculpas de ambas as partes e beijos mil, porque o melhor de qualquer briga é fazer as pazes. O que enlouquecia Electra era o absurdo de continuar vendo aquilo no chão diariamente. O que coelhinho pensava? O que queria? Briga? Confusão? O início de um hecatombe nuclear? Seu desterro imediato para o lixão dos brinquedos usados e abandonados?
Coelho Branco é louco.
No quinto dia Electra decidiu. Aquilo teria fim. Nada mais de cueca no chão. Mas dessa vez ela pegaria o Coelho Branco de surpresa. Nada de briga, nada de queda de braço, nada de discussão. Fez a única coisa que ele jamais esperaria dela, em toda sua vida. Pegou e lavou, muito bem lavada, diga-se de passagem, aquela coisa. No melhor estilo Amélia que era mulher de verdade... Até passou a ferro e usou água perfumada! Sorria enquanto relatava o fato à sua terapeuta. Quem sabe assim se livrava daquelas sessões sem fim? Esperava com ansiedade a chegada do seu fofo, queria ver a reação dele.
Coelho Branco sorria de orelha a orelha.
Sim, Coelhinho estava feliz e saltitante, parecia que a páscoa havia chegado mais cedo. Os olhos vermelhos brilhavam como se tivesse vencido sozinho a Guerra dos Tronos. A cueca bem lavada, passada
Coelho Branco perdeu a fala, dentre outras coisas.
* voluntoriosamente - algo em que a pessoa vai pq foi obrigatoriamente forçada a ser voluntária, sabe como é?
hahahahahahaa
ReplyDeleteCoelho branco! hahahahahahahaahaha
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAHHA
MARAVILOSA voce, Electra! =)
Agora, desculpa, mas nao pude deixar de imaginar o Coelho branco pelado avec de cartola! hahahahahaha
E imagina agora? Coelho branco tosado e nu! HAHAHAHAHA
eu achei que voce ia dizer que tinha coado o cafe dele na cueca... tb ia ser muito bom!
HUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUA
ReplyDeleteHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUHA
HAUHAUAHAUAHUAHAUAHAUAHAUAAHUAHAUAHA
Num tem nem o que falar mais
HUAHUAHAUAUAHAUAHAUAHUAHAAHA
Electra não tem juízo.
ReplyDeleteCoelho Branco sobreviveu???
huahuahuahuahuahuahuahuahuahua
Até onde sei (Electra não me conta tudo)... Coelho Branco está mais liso que seda pura, mas sobreviveu pra confirmar a história e aprendeu a lição.
DeleteCaceta. E eu ainda tive que procurar o que é Veet, pra entender direito a piada... hehehehe. Muito bom! Não deixo cueca no chão, mas vou dar um jeito de proibir minha mulher de ler esse blog. Just in case...
ReplyDeletebjos com medo
PS: esse coelho da foto tá parecendo o Donnie Darko
Caramba, agora entendi porque sou só a estagiária aqui. Ainda estou no nível 1 de maldade! Electra, vc é minha ídola!! kkkkkkkkkkkkkkk
ReplyDeleteNossa!
ReplyDeleteE agora? O Coelho Branco está fazendo a lição de casa direitinho?
Bjs.
Elvira
ahahahahahah,tô rindo de besta aqui...e coar café na cueca??? pelamor,parem que já tô às lágrimas...já falei,esse blog novo vai bombar de loucos!!!!
ReplyDeleteVocê aguentou até o quinto dia!! Preciso fazer este mesmo tratamento contra Raiva que você está fazendo, eu não aguentaria nem até o segundo dia >.<
ReplyDelete:D
Eu vim aqui olhar o meu comentário e cadê meu comentário?
ReplyDeleteEu li, comentei com as meninas rindo e não disse nada aqui!
Electra, você é má! E das piores! POrque tem cara de boazinha!
Não dá pra acreditar!!!!
HUAHSUASHUASHUAS
Eu tenho uma prima que o sobrenome do marido dela é coelho. Eu rio sozinha quando o encontro! haushuahuas
Ge Bolognani, isso é que é "mulher de verdade", rs...rs.
ReplyDeleteBjs
Manoel
Minha vida nunca mais será a mesma quando pensar em coelhos brancos!
ReplyDeleteKisu!