Saturday, August 24, 2013
De vento em pipa - convidada do coração
Eu poderia passar horas aqui, falando da minha querida Claudia Pacce. Tem um post sobre
ela aqui .
Mas a Claudia é muito mais que uma linda história de amor. Ela é uma guerreira, uma
mulher muito a frente do seu tempo e uma pessoa iluminada, que passa pela vida tocando
a alma das pessoas que a conhecem.
Libertária e um pouco anarquista, ela é das artes, da beleza e dos intelectuais.
Claudia vê vida em tudo. Vê amor em todo mundo. E como ri gostoso a minha amiga...
Todo mundo precisava ter uma Claudia na vida. Que bom que eu tenho!!!!
Autora de vários livros, escritora de sucesso, o negócio dela ainda é majoritariamente a
mídia impressa, mas recentemente ela aderiu á blogsfera e resolveu nos presentear com
seus escritos deliciosos. Vai lá no Causos e Versos da Claudia dar uma bisbilhotada!
PS II - Post perfeito, já que aqui nessa familia somos pontepretanos há varias gerações!!
Jamais me passou pela antecâmara do cérebro falar sobre futebol.
Em jogo de copa, torço, apito, estouro pipoca, agito bandeira na rua, como todo brasileiro.
Entendo xongas, esporte na TV é situação ideal pra minha imaginação voar feito pipa.
Como contar o que nem sei inventar?
Engano. A memória olfativa exige pipoca e gira nos calcanhares do tempo: em Campinas,
Guarani x Vasco, acho que num jogo decisivo rumo à “Copa do Mundo”.
A torcida bugrina algazarrando a vitória, eu estreando em jogo de futebol ao vivo.
Pontepretanos e Vascaínos unidos em vaias e cores, como olho de suçuarana espreitando a
caça na verde mata guarani.
Sem mais, uma grande pipa preta-e-branca surgiu no céuazul de Campinas. Guiada pela
astúcia do empinador rival e pelo vento a favor, a dita embandeirou-se sobre atorcida
bugrina. Pra quê! Braços erguidos em fúria, xingavama mãe da pipa, do empinador, do
pipoqueiro, do gandula, do
bandeirinha, às vezes com hilária criatividade.
Deliciada, me abstraí completamente do jogo que devia estar rolando acelerado.
O OVI (Objeto Voador Identificado) serpenteava feliz nas mãos do vento, exibindo o longo
rabo desvairado, como num deboche à torcida caseira.
Insultos fellinianos progrediam implacáveis, bem como o pas de deux de vento e pipa.
Convidada ao camarote do grande amigo Pedro Brasil, bugrino de carteirinha, eu
observava o gracioso pivô aéreo.
Os bugrinos, um olho na bola outro na pipa, bradavam gloriosos fdps ao O.V.I. (objeto
voador identificado), dando trégua à mãe do juiz etc.
Fim do primeiro tempo.
Alguém, sem cão pra chutar, acertou uma bombinha no gandula. Quem não conseguiu ir
ao banheiro usou copinhos descartáveis. Vendedores surfavam sobre o mar de sedentos
torcedores. Conhecidos cumprimentavam aos gritos como não se encontrassem há anos.
Um grandão, já de jugular inflada, discutia sobre a pelada com um anão estrábico que de
qdo em qdo cuspia de lado. Bom mesmo era a união em torno do desafio, a alegria a cada
passe bonito seguido da vibração.
Segundo tempo, numa das raras espiadelas no jogo, vi a bola entrar numa das redes e feliz
da vida berrei...
GOOOOOOOOOOOOOLLL!!! GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLL!!!
Só depois percebi que tinha comemorado sozinha bem no meio da torcida Guarany. Na
sequência, um copo de xixi passou voando e esborrachou-se no chão do camarote. E, na
carona tb vieram latas de cerveja, refrigerante e afins. Foi tudo tão louco, que nos
agachamos pra poder ficar ali, no mínimo por prudência.
Imagino que Pedro teve idéias macabras sobre meu comportamento esportivo, mas, como
cavalheiro que sempre foi, apenas engoliu uma pírula de maracujina. Depois, me ajudou a
escapar ilesa, antes que o jogo acabasse. Quando caminhava, trêmula, rumo à saída, tive
um ataque de riso nervoso. Os seguranças ameaçaram-me com
algemas, caso eu não calasse a boca. E tudo isso, só porque comemorei um gol contra...
* Ponte Preta e Guarani são times arqui inimigos em Campinas.
Se eu conheço a rivalidade futebolística na minha cidade, garanto que a Claudia nunca mais
foi convidada ao camarote bugrino, mas deve ter ganho medalha de honra ao mérito do
time pontepretano!
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
hahahahahahahahahahahahaha bem no derbi!!!
ReplyDeleteum verdadeiro milagre ter saído ilesa!
Adorei a pipa! fiquei imaginando a cena.. e parabéns pra quem teve a ideia. hahahaha
Que texto ótimo de se ler!
bjokssssssss
hahahaha
ReplyDeletevivendo a vida adoidado.
e ainda saiu inteira. :)
Inteira mas tremendo feito gelatina chacoalhada. Só voltei a ver um derby na arquibancada, meu caçula queria assistir, era mto pequeno pra ir sozinho. Zíper na boca, só mesmo celebrando depois de ter absoluta certeza que o gol não era contra...
ReplyDeleteI enjjoyed reading your post
ReplyDelete