Vocês bem sabem que aqui só entra louco. É um pré requisito já especificado no nome do blog, então não adianta ninguém ficar melindrado quando servimos gardenal antes do café.
O negócio é que para toda regra tem uma exceção e hoje, a nossa convidada tem atestado de sanidade mental em pelo menos três países diferentes. A Cora, do Entre Ir ou Ficar, é uma das pessoas mais sensatas, inteligentes e descoladas que eu conheço.
Do dia para a noite, sem mais nem menos, sem aviso prévio, ela teve seu mundo virado no avesso, quando recebeu um apavorante diagnóstico de Hanseníase ( isso mesmo, Hanseníase é o nome bonito, politicamente correto da lepra).
Com graça e determinação, Cora tem vencido os desafios que a vida tem jogado no seu caminho.
Essa menina linda, que eu tive o prazer de conhecer e abraçar bem apertado, conta aqui, um pedacinho da sua história. Só o comecinho, só prá te deixar curioso (a) e te fazer ir correndo devorar o blog dela.
A história é verídica. E infelizmente, ao invés de te fazer gargalhar, ela vai trazer lágrimas aos seus olhos.
Com vocês, Cora, uma grande inspiração na minha vida!
Faz mais de um ano, quando, passeando pela sessão de papéis e cadernos fofos de uma livraria, tive uma ideia. Claro, que não ia ser qualquer ideia. E nem seria a primeira ideia do gênero. Essa não é a novidade no post.
Livros. Sempre gostei. De ler, de admirar... De escrever. Voltei de uma visita à casa dos meus pais com uma foto na memória. Na minha e na do computador. 11 anos de diários. 11 anos de histórias contadas. Umas tão cifradas dos meus anos de adolescência que nem eu entendo mais o que está escrito ali. Nao estão todos lá - na foto - ainda. Três, dos mais valiosos, já trouxe comigo uma outra vez.
Estes, dessa vez, ficaram por lá. Na casa aonde convivi com eles e meus pensamentos. Porque não cabiam na mala. Mas, continuaram cabendo aonde eles sempre perteceram: na gaveta da minha antiga escrivaninha. E porque eu conheço a minha mãe, sei que eles continuarão lá até que eu encontre espaço na mala e, porque não dizer, na minha vida novamente.
Nada mais natural que a minha ideia tivesse a ver com um diário.
Vi um caderno lindo e pensei em poder usar como diário. Não pra mim. Mas para uma personagem. Alguém sobre quem eu iria contar uma história. Porque eu queria escrever uma história. Eu queria escrever um livro. A árvore, já plantei. O filho, não terei. Faltava o livro.
Não seria qualquer livro. Eu não preencheria aleatoriamente folhas vazias. Faria um sentido. Eu iria contar a história de uma mulher que escreveria em seu diário sobre sua vida, seu momento, seus pensamentos e angústias. E não seria qualquer tema, do tipo: ele não me ligou no dia seguinte; não sei se peço um aumento; faço aquela viagem pela Ásia? Não. Seria algo mais pontual.
O diário de alguém que ficou doente. Que, de uma hora pra outra, se descobre com uma grave doença e precisa lidar com isso. Ordenar os pensamentos. Desabafar seus medos. Compartilhar. Nem que fosse com um caderno apenas.
O que eu não sabia, ao ter essa ideia, era o que o universo/acaso já estava rindo da minha cara. Na minha cabeça, a personagem ainda não tinha um rosto. Ainda não tinha uma personalidade. Nem mesmo idade.
15 dias depois, após uma visita à dermatolgista, minha personagem ganhou um rosto: o meu.
Desde então, eu escrevo o meu diário. Partes de mim e da minha história contadas em, até o momento, quatro cadernos. Comecei o quarto no início de março.
O bom é saber que tem data pra acabar: 15 de maio. A partir de lá, estarei curada. E tudo fará parte, enfim, da minha coleção de cadernos/agendas/diários.
Quanto ao livro: ele também irá sair. O primeiro.
Do que valeria uma ideia se ela não fosse utilizada?
Cora
Louca para ter esse livro autografado!
ReplyDeleteBom, esse negócio de internet é muito louco, você entra no blog diarinho (como diria a Luana) de alguém e passa a se sentir íntima. E é assim que eu me sinto com você, Cora! Lembro que quando estive em uma igreja em Montreal, além do nome dos familiares, deixei o seu para uma atenção ainda mais especial.
Dia 15 estarei em Salvador tomando água de coco, comendo sei lá o quê, certeza que será algo bom, em sua homenagem. E irei agradecer à Deus pelo fim desse tratamento punk, mas necessário para te trazer a cura.
E vamos para frente que ainda temos muito coisa para viver e escrever! ;)
Lorna, obrigada pelo carinho.
DeleteDia 15, além da água de coco, não esqueça da acarajé. :)
Bjs!
Cora, minha querida! =)
ReplyDeleteQue bom te ver aqui tambem
:)
DeleteO prazer foi meu!
Puxa,esse tratamento é uma batalha diária,não deve ser fácil,mas vc já provou pra si mesma que é uma mulher guerreira! Que boa idéia do livro,compartilhar histórias de vida enriquece a quem lê e a quem escreve...
ReplyDeleteObrigada!
DeleteQue o livro seja mesmo enriquecedor para outras pessoas. :)
Oi Cora! =D
ReplyDeleteAchei muito bacana a sua idéia de escrever um livro sobre esse momento tão difícil e que eu tenho certeza que daqui um tempo será passado na sua vida!
Após ler seu post, pensei que a vida me presenteou com saúde, sou perfeita, raramente fico doente, nunca quebrei nada... E vivo achando que os piores problemas do mundo são os meus! E você, com um diagnóstico tão terrível, de uma doença que carrega um estigma ruim, aproveitou a oportunidade para escrever um livro.
Estou admirada!
Um beijo e seja sempre bem vinda!
Obrigada!
DeleteE pensar que a ideia do livro veio antes, né? A gente nunca sabe o que nos aguarda...
Bjs!
Que linda história e super incentivo para as pessoas que possuem a mesma doença ou outras muito parecidas. Com essas situações que temos que só agradecer pela saúde que temos.
ReplyDeleteKisu!
Além de agradecer por tê-la de volta, a partir de agora, irei cuidar mais da saúde tb. :)
DeleteBjs!
Aprender comigo? poxa...
ReplyDeleteObrigada pelas carinhosas palavras.
Bjs!