Sunday, November 3, 2013

A primeira cama dágua e a nossa chegada á Nova Zelandia

Sabe lá o que é desembarcar num país mais que desconhecido e ter que arrumar casa, móveis, carro, absolutamente tudo??? É nessas horas que a ficha cai e a gente saca que comida não brota na despensa, cama não vem com a casa e que você vai ter uma trabalheira danada para colocar tudo em ordem.
Depois de achar a casa onde iamos morar em Auckland, na Nova Zelandia, , parti pra mobília. Eu queria uma cama d’água, então procurei referências na lista telefônica e fui ligando até que encontrei o fabricante e, claro, o preço caiu pela metade. A cama ia ficar até mais barata que uma cama comum!
Animadíssima, fui até lá, aprovei e perguntei sobre o prazo de entrega, preparada pra dormir no carpete pelos próximos sete meses, quando me surpreendi com a rapidez do pessoal: “A gente te entrega depois de amanhã.” Nossa! Era tudo o que eu queria. Sai voando pra pegar o Fábio, precisava que ele testasse a cama pra nós escolhermos juntos a densidade, altura, essas coisas.
De volta à fábrica, reparei que havia imensos latões cheios de latas de cerveja vazia. Pessoal moderninho, pensei, devem fazer cama d’água e cama de cerveja também... não é ótimo?
Acertamos todos os detalhes da nossa cama e pedi a eles para que fizessem também as camas para nossas meninas, Anita e Lia.
Olha a conversa:
- Tenho duas meninas, quanto custaria para vocês fazerem duas camas de solteiro? Espero que o preço seja bom, hein?! Tô comprando bastante...
- Quantos anos elas tem?
- Cinco e três.
- Hummm... sei! Cinco e três??
- Isso mesmo.
- Não vai comprar cama d’agua pra elas não. Chega de gastar dinheiro. Você vai economizar. Nada de cama d’água.
- Mas...
- Não senhora! Você tá gastando, gastando demais. O seu marido trabalhando e você nas lojas, gastando, gastando, gastando. (E o Fábio não falava nada porque estava ficando roxo de tanto dar risada.)
- Mas...
- Não tem mais, nem meio mais. Você vai comprar duas camas usadas para elas. (Foi lá dentro, pegou o jornal e me deu. Aí pensou duas vezes, tomou o jornal da minha mão e começou a grifar os anúncios de cama de solteiro usadas para vender...)
Aí o Fabio resolveu se meter e falou:
- Mas as camas tem que ser iguais.
- Iguais?? Pra que?? Frescura. Não precisa não. Criança não entende nada disso. (Foi a minha vez de rir...)
Aí o desinfeliz vira pra mim e fala:
- Se não for igual você não vai comprar, vai?? Pois peraí...
E começou a procurar camas iguais, anunciadas no bendito jornal. Achou, grifou e me deu. Como eu não conseguia parar de rir, ele disse:
- Duas camas iguais. Trezentos dólares. Você oferece duzentos. Vai lá, vê as camas. Leva só duzentos. Se ela falar não, você tira o dinheiro do bolso e começa a contar... Eles aceitam na hora!
Pegamos o jornal e fomos para o carro, e ainda morrendo de rir fomos interpelados pelo fulano de novo!
- Quer saber? Você não vai ligar nada. Me dá este jornal que vou resolver isso já.
Tomou o dito da minha mão, pegou o telefone e ligou para a casa da fulana que tinha duas camas iguais para vender!
Por sorte, ninguém atendeu ao telefone. Nós juramos que ligaríamos depois, sem falta.
Pegamos o anúncio, entramos no carro, paramos na primeira loja de departamentos que encontramos e compramos as caminhas...
Quer saber? O cara era o dono da fábrica. Desconfio que eles não façam cama de cerveja lá não...


5 comments:

  1. Imagino tudo que está passando...
    Boa sorte.
    Bjos!

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  2. Isso me faz pensar: PORQUE DEIXOU A NOVA ZELANDIA???

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  3. Inaiê,essas tuas histórias são ótimas,já daria pra escrever um livro,né?

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  4. Você só atrai gente louca!!!
    achei que densidade de colchão d'água era tudo igual.. afinal.. o recheio é água.. kkkkkkkk
    O cara foi óteeeemo!!! kkkkkk

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  5. Gente, que cara doido!
    Isso seria impensável aqui no Brasil! hahaha
    Um vendedor/fabricante preocupado com o dinheiro que vc está gastando parece piada.

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