Pesadelos azuis de porcelana.

Electra das couves está em crise com o sono. 

Não dorme direito faz semanas. Tem dor de estrômagus sem motivo...  E para piorar tem pesadelus bobus que se repetem. É o mesmo. Sonha com pratos azuix de porcelana caindo. Não são quaisquer pratos azuis. São os dela. Da coleção que faz há mais de 15 anos. Cada prato tem um significado, uma história, um motivo pra ser chamegado. Sonha que os pratos estão caindo um a um... quebrando em mil pedaços.

O primeiro, maior e que ficava no centro da coleção, como um sol azul, quebrou na mudança. Segurei as lágrimas. Levei semanas e acabei comprando outro pra preencher o local... substituir seria impossível. O primeiro era japa, comprado em New York city, quando estava grávida da primeira herdeira. Com motivos marinhos representava o início da família. Tem como substituir? Não. 

O novo é ... o novo não é feio, comprei na loja da minha dinda que morreu. Morreu em 2010 e foi dura a despedida. A loja agora é da irmã dela, gente boa, mas é duro ír lá... primeiro porque na minha cabeça ainda É a loja da minha dinda. Segundo porque a irmã dela É a cara da minha dinda. Coração aperta. 

Refiz o arranjo e pendurei os pratos, tentando não pensar no que tinha quebrado. Uma semana depois o meu prato - o que representa a versão pavoa da Electra - cai e quebra. Do nada. O prego continuou na parede, firme e forte. Deu medo, tirei todos os pratos da parede. Sou dessas, tenho medo do nada. Não tenho medo de gente nem de bicho nem de cara feia, mas tenho medo do nada. É absurdo. 

Começaram os pesadelos. 

Sonhava - sonho ainda - que os pratos iam caindo um a um. Como num casamento grego, mas sem festa ou alegria. Caiam e o chão se enchia de cacos azuis. Montes de cacos azuis. O das meninas, o do Coelho Branco, etc... Coelho Branco por sinal estava a dias no meu pé perguntando quando vou pendurar os pratos na parede de novo. Ameaçou (?) ele mesmo pendurar. Inté parece... Disse então que estava tendo os pesadelos azuis. Ele  se esforçou pra entender. Acho que no fundo está rindo dessa nova maluquice minha. Na dúvida resolveu ficar na dele, afinal se cair mais algum prato - real - a conta vai sobrar pra ele. 

Não quero pendurar os pratos. Não enquanto estiver tendo pesadelos.

A parede está lá, vazia, calada e cheia de pregos. 

Faz algum sentido?