Saturday, May 18, 2013

Blogueiro Convidado - Júnior

A primeira vez que um blogueiro convidado não foi apresentado, rs. 
Que furo! Peço desculpas, resolvi passar a manhã na piscina porque sou gente e o sol de outono do cerrado me chamava... Electra, Electra vem!!! Vem tirar o mofo! Engoliram a desculpa esfarrapada? Então tá.
Apresentando enquanto é tempo o menino (viu como sou amiga?). Cara da paz, gente fina, roqueiro e blogueiro nas horas vagas, um cérebro privilegiado que conseguia ler revistinhas (escondido) na hora da aula,  pai de três encantos, amigo de infância, quase parente (livrou-se por pouco!), nem me lembro desde quando conheço o JR e família. Contam as más línguas que desde os idos do Acre, em mil novecentos e bolinha... Em determinado momento da vida ele cometeu seu maior acerto da vida: casou-se com ela - a prima da amiga da debutante ou era a amiga da prima da debutante? - e ganhei outra boa amiga. Quem quiser conhecer mais basta visitar ele aqui. Não vão se arrepender.
Aí vocês vão me perguntar... Como conseguiu que ele (e ela - a esposa - no próximo sábado) escrevesse pro Gaiola?
Respondo: Já ouviram falar em CHANTAGEM emocional? Funciona! Bem com apelar para as instâncias superiores do PODER. Tipo assim, a esposa!

(12:50 no planalto central)




A primeira vez que vi minha esposa


Um debi!

__ Arranjei um baile para você dançar.

__ Como? __ respondi quase engasgando com a pipoca.

__ Arranjei um baile para você dançar.

__ Baile? Que baile?

__ Baile de debutantes. Um "debi"!

Já tinha parado de comer. O assunto era sério. Não fazia sentido, mas era sério. Estávamos no início da década de 90, começava a aparecer uma estória maluca de um tal PC Farias, a MTV era a novidade na televisão, eu sonhava com o tal CD que vinha para substituir o disco de vinyl e minha mãe aparecia com essa estória de baile de debutantes?

__ A filha de uma amiga minha vai fazer um baile de 15 anos. Quando soube que você era Cadete, me perguntou se você não dançaria a valsa com ela. Claro que disse que sim. É bom partido, o pai dela é dono de um Hospital.

Bom partido? Por que de repente me senti em plena década de 50? O que era aquilo? Anos Dourados?

__ Dançar o que?

__ Valsa, oras! 

__ Mas eu não sei dançar valsa! _ Na verdade, eu não sabia dançar nada. Era um treva completo para qualquer ritmo. Hoje me arrisco em quase tudo, cortesia de um pouco de álcool. 

__ Aprende.

E foi assim que me vi na situação de dançar um baile de debutante com a filha de um figurão da cidade. Quer dizer, não exatamente. Eu recusei, rolou aquela chantagem emocional que as mães são especialistas e acabei cedendo. As fotos da menina, Beatriz, em uma revista da cidade também ajudaram um bocado. 

Melhor não situar muito no espaço, mas tratava-se de uma cidade de interior e meu pai comandava um Batalhão do Exército lá, aliás o único. Estávamos na semana santa e o baile seria em algum feriado do segundo semestre. 

Nas férias fui conhecer a debutante. Menina bonita, achei. Simpática também. Tínhamos mudado para aquela pequena cidade no início do ano e como eu estudava em Resende, não conhecia ninguém. Parecia que minha sorte estava para mudar. Eu costumava sair sozinho à noite, a pé, para os bares e boates, mas minha timidez me impedia de aproximar das pessoas. Sentia-me um estranho naquela cidade, e de fato era.

O dia do baile chegou e lá estava eu, vestido com minha túnica e espadin. O salão era grande, dois andares, lotado. Realmente um evento social na cidade. Eu iria dançar sozinho com a debutante, sob olhares de todos. Confesso que estava bem nervoso, ainda mais que aprendera a dançar na véspera. Felizmente descobri que a valsa é um ritmo bem fácil de enganar. Um para lá e outro para cá. Até eu era capaz de dançar aquilo.

Nunca gostei de usar farda em público. Ainda mais naquela situação, onde eu era o único a usar uma, no meio de uma gente que eu desconhecia completamente. Trouxera uma muda de roupa e minha intenção era me trocar assim que possível. Sob protestos da minha mão, que fique registrado!

Chegou a hora. Efeitos especiais, gelo seco, luzes, tudo que tem direito. Com uma rosa na mão estava eu em um canto do salão. No outro canto, um enfeite que parecia uma grande concha ou algo parecido. Como não teve ensaio, não  sabia bem o que iria acontecer. Só sei que parecia tudo meio surreal.

Um narrador começou a contar a estória da menina, seus pais, sua infância, tudo meio brega. Só que ainda não tinha visto nada! Afinal, onde estava a debutante? Depois de uma pequena pausa, a voz anunciou: Sociedade de A., hoje será apresentada sua nova integrante... Beatriz, desperte para a vida!


A concha virou e se abriu. Sentada em seu interior estava a aniversariante. Inacreditável! Eu achava que não existiam coisas assim!

 Seu pai se aproximou com seus sapatos e colocou em seus pés. Aturdido, só me perguntava o que eu estava fazendo lá. Enquanto eles dançavam a primeira valsa, eu assistia aquele espetáculo literalmente de boca aberta. Ainda mais que percebia nitidamente que também era centro das atenções. Que noite!

Alguém atrás de mim, que dançaria uma terceria valsa, esta com as amigas e pares, e que posteriormente se tornaria meu melhor amigo na cidade, comentou.

_ Cara, eu não te conheço mas estou com pena de ti. Toma, bebe para dar coragem! _ e me estendeu um copo com whisky.

Então chegou minha vez. Atravessei o salão com todo mundo me olhando e cheguei até Beatriz, com a rosa. Seu pai apertou minha mão e me passou a aniversariante. Juro! Aconteceu assim mesmo!


Para encurtar a estória, nós dançamos. Não pisei no pé dela, contei algumas piadinhas, rimos e terminou.  Na primeira oportunidade corri para o banheiro e troquei a farda. Não dava! Nem a pau que eu seria a única pessoa fardada naquela sociedade de loucos!

Procurei ir junto à aniversariante para ver se finalmente me enturmava, mas ela estava fazendo seção de fotos. Algo me disse que o meu brilhante plano de me integrar estava indo para o buraco. Retornei para junto do meus pais, onde minha mãe me esperava meio aflita. Tinha prometido a uma de suas amigas que me apresentaria para filha dela, que estava ansiosa para conhecer o "Cadete".

A garota era bonita e novamente me animei. Ela estava junto com uma amiga e a prima da amiga, que não me chamaram muito a atenção. Só que logo depois que começamos a conversar um grupo acenou e ela  pediu licença para ir até eles. Acabamos eu, a amiga e a prima da amiga sentados em uma mesa conversando amenidades.

A amiga faria 15 anos no fim do ano e haveria um outro baile de debutantes. Já fiquei com o pé atrás, mas já estava bem mais discontraido pois as duas eram bem simpáticas. Foi quando ela soltou inocentemente:

_ O único problema é que minha prima não tem par...

Vi que a prima ficou vermelha e deu um puchão. Ri.  Não sei porque, talvez por enfim estar conversando com alguém da cidade, imediatamente me voluntariei para dançar com ela. E assim nos despedimos, com um encontro marcado para alguns meses depois, com uma pessoa que conheci naquele momento e que não veria até o dia do baile. Num impulso peguei seu endereço, pelo menos teria um motivo para escrever uma carta para alguém.

É preciso entender que eu fui um adolescente bem tardio, ou seja, levei um bom tempo para começar a sair com garotas e namorar. E muito tímido também. Ali, recém completado 18 anos, contava com "duas ficadas" e nada mais. Ou seja, um zero à esquerda. Era comum naquele tempo a correspondência por cartas e meus colegas na Academia viviam mandando e recebendo as suas. Resolvi aproveitar a desculpa para mandar uma carta e quem sabe teria a emoção de receber uma carta de uma menina! Patético, não?

Pois a prima da amiga da amiga de uma debutante hoje é minha esposa. E nosso primeiro encontro foi no baile da prima, onde ela se escondeu atrás de uma enorme espinha no nariz, mas esta é outra estória

Ah, antes que eu esqueça, não imaginem que a partir deste primeiro encontro começou um namoro que terminou em casamento. Nada disso, o caminho foi espinhoso e tortuoso. Nos tornamos amigos, tivemos nossos namoros, nossas desilusões e 7 anos depois enfim fomos nos enamorar. Amor à primeira vista? Não comigo! No meu caso o amor foi realmente construído sobre uma camada de crescente amizade. 

Se faltou romantismo neste primeiro encontro, sobra hoje em dia. E sim, somos muito felizes juntos. Graças a Deus!

5 comments:

  1. Otima história, mas Dona Perrier, cadê a introdução do menino?? Quem é ele? de onde veio? Como acabou parando aqui? Como a gente fazpara infernizá-lo no seu blog? Ele tem blog? Ele existe? Ou é só a Electra aprontando uma das suas??? hem? Hem? Hem?

    ReplyDelete
  2. Depois de tudo que foi o baile, não dava pra casar assim logo de cara, né? rsss

    Que vcs sejam felizes!

    Kisu!

    ReplyDelete
  3. Nossa, tenho medo desses bailes... Medo de cair na risada e parar no hospital por uma crise de asma ou por apanhar do dono da festa!

    ReplyDelete
  4. Adorei a história!!!
    A menina na concha foi o ápice.. hahahahahahhahahahahahhahaha

    ReplyDelete