Monday, March 11, 2013

Passando fila (cola) na escola.

Electrazinha baby tinha uns 12 anos quando mudou de cidade, de país, de planeta! 
Do Rio de Janeiro para Recife. Na teoria são duas capitais de um mesmo país, na teoria... mas os hábitos, a cultura e até a língua é completamente diferente. Alguns ousam dizer que falam português, mas não, o carioquês e o recifês podem até ter algumas coincidências, mas não são iguais.
Não houve tempo de adaptação, Electra chegou na véspera do início das aulas. Foi matriculada num bom colégio, tradicional, daqueles com nome e sobrenome na praça. Chegou quieta, na dela como toda paraquedista numa turma que estuda (no mínimo) junta desde o maternal. Pinto novo não pia... só espia. No caso espia e tenta entender alguma coisa do que se passa e ouve em volta, mas o recifês não colaborava. Electra não entendia nada do que falavam! 
Esse lugar é meu. Não vou pra trás da fila NÃOOOOOOO!
Logo no primeiro dia de aula, os professores resolveram fazer umas "avaliações" só pra saber como andava o nível do pessoal, se tinham esquecido - ou não - tudo o que aprenderam no ano anterior. Electra, até então, o protótipo da boa aluna, estava toda séria sentada na segunda carteira (sempre sentava ou na primeira ou na segunda), mais muda que uma estátua. Um peixe totalmente fora d'água. Electra era mega-ultra-super tímida naquele tempo. Mas um evento catastrófico (sente o drama) acabou por enturmar ela, ainda que da pior maneira possível. 
O professor chegou, se apresentou e foi logo passando o teste sei-lá-do-quê pra classe. Passado um tempo, Electra sente um cutucão e alguém sussurando... "passa a fila". Ignorou. Alguns minutos depois, o mesmo pedido, "passa a fila". Electra foi se incomodando com aquilo. Afinal de contas, pensava, aquele lugar era seu, tinha chegado mais cedo, pegado aquela carteira, porquê diabos teria que passar pra trás da fila, ainda mais no meio de uma prova!?!?!? A colega de trás insitia sem parar, "passa a fila!!!" toda vez que o professor olhava pra outro lado da sala. 
A situação estava insustentável, Electra não deu conta e levantou o braço chamando o professor (não disse que era boa aluna?) pra fazer a reclamação, cheia de razão:
_ Professor, esse lugar é meu, estou aqui desde cedo, não vou mudar dessa carteira! Fala pra esse povo que não adianta ficar chateando que eu NÃO VOU PASSAR PRA TRÁS NA FILAAAAAAAAAAAAAAA!

Como assim? Pq TODOS querem me matar?

A sorte que o professor estava de bom humor (?) e percebeu logo a total ignorância da aluna e entre risos disse que ela não precisava se preocupar porque ninguém mais ia pedir fila pra Electra nunca mais. 

No fim da prova Electra quase apanhou da sala inteira e só se safou por realmente entenderam que ela não sabia que passar fila era passar a cola da prova. Não foi o melhor modo de se socializar na escola, mas não se pode negar que ficou conhecendo todos naquele mesmo dia. E todooooooooooooooooooos ficaram sabendo quem era Electra. Foram dias de ajuste no dicionário carioca-recifês para evitar outros malentendidos.
E, sim... Electra acabou aprendendo a passar fila, naquela escola de Recife, na oitava série. Eram tempos duros em que o conceito de bulling não existia. 
Para evitar maiores questionametnos éticos e morais internos, acabou por aceitar a explicação dos colegas, aquilo não era cola (ou fila)... era só um tipo de trabalho em grupo não autorizado, nada além disso. Por uma simples questão de sobrevivência social, Electra entrou pra turma como "fornecedora", posto típico de qualquer CDF com amor à propria pele.



8 comments:

  1. Tisc, tisc.... sucumbiu a pressão alheia!

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    1. Tisc, tisc... não me orgulho disso.
      Como atenuante posso alegar só a idade e o ambiente 100% hostil?
      Era todaaaaaaaaaaaaa sala contra aquela "carioca metida a besta". Levei um tempão pra explicar que não era nem carioca nem metida a besta, rs.

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  2. Passar fila? Eu tb não entenderia...rssss...e provavelmente teria sido linchada pois a-do-ra-va sair no braço,qdo.me peitavam...apanhava horrores,lógico,mas puxava uns cabelos tb..:))))

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  3. Eu tbm já passei cola por medo das represálias. Te entendo bem, Electra!
    Adorei esses gifs!

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  4. ahahaha imagino a cena como deve ter sido engraçada.

    bjs
    http://blogvidinhaminha.blogspot.com.br

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  5. AUhauahua entendo completamente rs... E concordo com vc... quem vai adivinhar que tem que saber gírias estaduais? rs

    Kisu!

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  6. Pois é, agora parece engraçado... mas na época não foi mole não!

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  7. Ahhh, eu também não entenderia nada!
    Até hoje tenho dificuldades com as particularidades de alguma região!
    lembro bem de que eu não sabia o que era macaxeira e sentí um alívio danado de saber que a mãe da minha amiga tinha feito aipim para o almoço. huhasuhasuhasu
    Beijos

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