Saturday, March 9, 2013

A primeira Cynara a gente não esquece!

Mais uma hiper mega blaster ultra blogueira convidada prestigia o Gaiola com um post esclusivo.  Com um plus a mais, a super Madi Muller vem trazer um toque de glamour e chiquê ao nosso cantinho. 
Pensou em elegância? Pensou em moda (sem frescura)? Pensou em bom gosto? Pensou em Madi Muller e seu imperdível Bloguinho da Madi. Um espaço fashion sem look do dia (palmas pra coragem da nossa linda!) que desfila com elegância temas desse mundinho tão badalado e desconhecido de nós, simples mortais,  a vida nas passarelas, atrás das passarelas, seus personagens, cotidiano e eventos. Tudo com um toque de classe e savoir faire. Quem pode, pode! Feita a rasgação de seda (merecidíssima)... convido todos a desfrutarem da primeira cynara da nossa primeira e única topmodel Madi. 

Quando eu tinha 14 anos, fui apresentada oficialmente pra uma cynara cardunculus, e ,devo confessar ,essa planta (sim,descobri depois que trata-se de uma planta!) foi a coisa mais esquisita que eu tinha visto até então. Ao menos num prato.
A história (verídica) é a seguinte: minha mãe trabalhava na Prefeitura de Porto Alegre e foi convidada pra esse jantar à francesa num dos clubes mais tradicionais da cidade, daqueles bem metidos à besta. Resolveu me levar, sabe-se lá porquê, e lá fui eu,após a aula, pro salão de beleza me produzir, fazer as unhas e tals, coisas que eu, meio riponga, nunca tinha me interessado. Até então,vaidade zero. Depois me enfiei num vestido (da minha mãe, meio mal ajambrado,mas era "o que a casa oferecia", ora bolas!) e lá fui eu, me equilibrando nos saltos (dela tb,eu só usava tênis nessa época), pegar um táxi pois a dona Jane não gostava de dirigir à noite. Eu, de salto,ficava com mais de 1,80m, parecia ter 20 e não 14 anos. Ela olhou meu look e me enfiou uma carteirinha na mão: "Mulher elegante sempre carrega uma bolsinha". Ah,tá...
No caminho até o clube ela foi me orientando,em linhas gerais,sobre como me comportar no tal jantar, quais talheres começar, o que conversar, colocar o guardanapo no colo,enfim,o tutorial de etiqueta entrou por um ouvido e saiu pelo outro-eu estava muito ocupada escutando o Peter Frampton no rádio do taxista, lembro bem que estava tocando Show me the way, minha favorita..
Chegando lá,pra minha surpresa, separaram-me de minha mãe.  Ela foi pra mesa principal com o alto escalão e eu fui colocada numa mesa de canto, com um janelão ao fundo, cheia de pessoas-as do baixo escalão???- que eu nunca tinha visto na vida e sequer olharam pra minha cara qdo. sentei. Minha cadeira ficava de costas pro janelão,que dava pra rua, e estava aberto.
Fiquei lá meio amuada, olhando pros lados, e nada, ninguém me olhava ou me dirigia a palavra, parecia que eu era invisivel. O garçom aproximou-se com uma jarra de água (esse copo eu sabia, era o maior, ergui o meu bem orgulhosa pro garçom enchê-lo e ver que eu sabia diferenciar as taças)e tb vi minha mãe,lá longe, do outro lado do salão, me acenando.Tentei parecer super entrosada e mexi os lábios, como se estivesse falando com a mulher ao meu lado, pra ela não ficar preocupada e achar que eu estivesse me sentindo um peixe fora dágua. Eu era o próprio peixe fora dágua!
Em seguida vieram duas entradas: a primeira foi fácil, era uma folha de alface com uma mistureba de camarões, tudo pouco, porção mínima, ainda bem que a mãe me mandou comer um sanduiche antes de sairmos de casa pois "gente fina come pouco". Peguei o talher certo ("de fora pra dentro") engoli aquilo, bebi mais água e sequei os lábios com o guardanapo, eu estava muito "fina" e fazendo tudo certo.
Aí aparece o garçom de novo com uma coisa verde que mais parecia um repolho duro espinhento, e coloca aquilo na minha frente com um molhinho à parte.Era a segunda entrada; Olhei pros lados pra tentar imitar meus colegas de mesa ("quando não souber comer algo, espia os demais e faz igual"), mas eles conversavam animadamente e ninguém atacava aquela coisa verde. Minha mãe estava me espiando lá de longe, e eu devia estar com uma cara meio apavorada mesmo, pois vi que ela começou a se levantar pra vir na minha direção. Olhei pros lados-os colegas de mesa continuavam ignorando minha presença,- espiei a janela e,num golpe de mestre, catapultei a pobre alcachofra pela janela, sem que ninguém visse e sem pensar um segundo se aquilo não acertaria um pobre coitado na rua. Ufa, meu prato estava vazio,se alguém perguntasse, eu diria que já tinha comido e estava tudo ótimo,obrigada!
Quando minha mãe aproximou-se da mesa, o garçom já estava lá, com uma cara surpresa, olhando pra mim e pro meu prato vazio-os colegas de mesa finalmente notaram minha existência, e começavam a rir.
Olhei pros pratos deles (alguns já tinham comido) e percebi as folhas, as malditas folhas duras que não são comestíveis, lógico,pois a gente só come o miolo da alcachofra. Ah,então aquele molhinho era pra isso...dãã...
As risadas aumentaram e a moça de 20 anos encolheu na cadeira: voltei a ser a guria de 14. Mas ninguém sabia o que eu tinha feito com a alcachofra, se tinha jogado embaixo da mesa, etc.- só a minha mãe, e ela quase desmaiou qdo.contei.
Moral da história: no outro dia fui matriculada num daqueles cursos de etiqueta social pra "moças de fino trato"...e até hoje só consumo as alcachofras de farmácia, as que vêm em comprimidos...In natura, nunca mais!
PS.O nome alcachofra provem do árabe al-kharshûf (que significa "planta espinhuda"). O nome cynara vem do grego, segundo uma lenda antiga seria uma jovem que rejeitou Zeus e foi por ele transformada nessa planta.
Madi Muller - Bloguinho da Madi

13 comments:

  1. Eu comia alcachofra desde pequena. Minha mãe fazia e eu sempre pensava: "Ai lá vem aquela coisa cheias de folhas pra comer com vinagrete". Muitas das minhas amigas nunca tinham comido na vida e achavam estranho. Olha, na casa da Romina as pessoas comem plantas... O.o

    Como era ruim ser incompreendida rs...
    Mas elas são lindas!

    Kisu!

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    1. Bah, e eu que cheguei a pensar que teria de comer outras plantas,tipo samambaias,etc...kkkkkkk...

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  2. Gê e demais loucas desta gaiola,quanta honra poder escrever neste dileto grupo que detecta outros loucos desgarrados da blogosfera...obrigada pela oportunidade e pelos elogios.Me senti a perfeita top model...rss...

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  3. Adorei o caso da cynara (não conhecia esse nome!). Nunca comi alcachofra assim... de garfo e faca, toda chick. Nem idéia. Agora... adoroooooo pizza de alcachofra e omelete com fundo de alcachofra. Bom d+!

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    1. E eu engulo pilulas de alcachofra da farmácia,dizem que é bom pra prisão de ventre..ahahah..

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  4. Ah... minha avó fazia alcachofras ao forno. Depois que ela se foi, nunca mais comi. :-(

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    1. Essas receitas deviam passar de vó pra netas,né?Eu ia adorar,até pra perder o trauma das alcachofras..

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  5. Eu ADORO cynaras - nunca conheci por esse nome.
    Mas olha, que ideia a sua de jogar o treco pela janela? hahahahaha

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    1. E o pobre que talvez tenha levado a "alcachofrada" na cabeça????

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  6. Bom, com Peter Frampton tocando fica difícil prestar atenção em qualquer outra coisa!!! rsrsrsrs
    Eu passei um apuro no almoço de final de ano de uma empresa que eu trabalhei... restaurante francês, todo fino. E eu? Riponga igual você, na época! hahahahaha
    Queria ter feito um cursinho para moças de fino trato, mas não rolou não...
    bjokssss

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    1. No cursinho a professora nos obrigava a andar com livros na cabeça pra melhorar a postura..pode???

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  7. Oi Madi. Eu só tomo alcaxofra em cápsulas!
    Quando vi o post, imaginei que fosse uma bromélia!

    Saiba que "Show me the way" é a minha preferida tambéeeemmmm!
    E que ao ler o seu post, como se descreve e comparo com o que sei ao seu respeito hoje em dia, vejo que há esperança pra mim!!!
    Ainda hei de me tornar uma mulher elegante e de muito bom gosto!

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